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O senador Demóstenes Torres, ex-procurador-geral de Goiás, e seu competente advogado sabem muito bem o que significa separação de Poderes. Não é crível que tenham pensado nem por um instante
na possibilidade de o Supremo Tribunal Federal pedir ao Senado que suspendesse o processo contra Demóstenes no Conselho de Ética. Portanto, teriam se servido à toa do tempo da Corte, na
decisão da recusa do habeas corpus representada pela ministra Carmen Lúcia. Um ato gratuito, já que a tentativa de criar um fato estava fadada a ser efêmera, certo? Não necessariamente. Na
opinião do senador Pedro Taques, integrante da CPI do Cachoeira, não há gratuidade em nada do que se tem visto nos últimos dias. Seja na CPI, em decisões judiciais ou nas manobras das
defesas dos réus. Da ameaça de serem anuladas as gravações feitas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo à resistência de parlamentares em convocar Fernando Cavendish (Delta) e Luiz
Antônio Pagot (ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) à CPI, tudo conspira contra o bom andamento das investigações. "Há uma clara intenção de misturar as
estações para tentar atropelar os trabalhos da comissão de inquérito e de dar uma desculpa para os senadores que querem absolver Demóstenes Torres", diz Taques. Nisso, o desembargador
Tourinho Neto do Tribunal Regional Federal (1.ª Região) tem dado contribuições inestimáveis com atos que, na visão do senador também procurador de Justiça e professor de direito
constitucional, "são irresponsáveis e equivocados". Dois deles: o voto em favor da decretação de ilicitude das escutas telefônicas da PF e a decisão de soltar Carlos Cachoeira, que
só continuou preso em função de um segundo mandado decorrente da Operação Saint Michel, relativa às atividades da organização criminosa no Distrito Federal. De acordo com Taques, Cachoeira
deve continuar preso não para atender a qualquer espécie de clamor popular, mas para cumprir a lei. Primeiro, porque as penas previstas para os crimes dos quais é acusado somam mais de oito
anos e quando é assim justifica-se a prisão. Segundo, porque o acusado teria evidentes condições de interferir no curso das investigações. "Já está demonstrado que ele corrompe as
pessoas, foi condenado pela Justiça no Rio de Janeiro no caso Waldomiro Diniz." Quanto à ilegalidade das provas, se for confirmada servirá, na opinião do senador, "como desculpa
para aqueles que não querem condenar Demóstenes", mas não tem consequência objetiva sobre o processo no Conselho de Ética nem sobre a CPI. O relatório a ser votado amanhã no conselho
não foi baseado nas escutas telefônicas nem nos inquéritos da PF. O relator Humberto Costa se ateve à atuação de Demóstenes Torres como parlamentar para demonstrar que agia como braço
político de Cachoeira e que mentiu ao dizer aos colegas que desconhecia as atividades ilegais do acusado. Além disso, lembra Pedro Taques, o processo é político, bem como a decisão de criar
uma CPI é prerrogativa exclusiva do Congresso e independe de decisões judiciais. "São esferas diferentes. Mesmo excluídas as escutas, isso não influi no trabalho da CPI que tem por base
depoimentos e documentos e cujo fato determinado é apurar o envolvimento de Cachoeira com parlamentares e empresários para se infiltrar no aparelho de Estado." Mas o problema não é a
realidade, mas as vontades. E estas se organizam segundo os objetivos de cada um. Quem quer ir fundo na investigação, mergulha na análise de documentos a fim de produzir antídotos às
investidas protelatórias. Quem não quer, atua para confundir apostando no império da impressão de bagunça, um eficaz prestador de serviço à impunidade quando, como diz o senador Taques,
"o perigo começa a rondar a Casa Grande". SANDUÍCHE DE GENTE De um lado, Lula. De outro, Luiza Erundina e no meio Fernando Haddad como figurante no papel de recheio. Veja também