Papa deixa brasil com 'saudade' e pedindo a bispos que não sejam 'príncipes'

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“parto com a alma cheia de recordações felizes; essas – estou certo – tornar-se-ão oração. neste momento, já começo a sentir saudades. saudades do brasil, este povo tão grande e de grande


coração; este povo tão amoroso”, disse o papa antes do regresso a roma, numa cerimónia de despedida, na base aérea do aeroporto internacional do galeão (rio de janeiro), em que o


vice-presidente brasileiro michel temer representou a presidente dilma rousseff. citado pelo jornal estado de são paulo, o papa francisco mencionou em particular as “saudades” do “entusiasmo


dos voluntários”, do “olhar dos jovens no hospital são francisco”, bem como da “fé e da alegria em meio à adversidade dos moradores da [favela da] varginha”, alguns dos locais por onde


passou na última semana. “obrigado pelo acolhimento e o calor da amizade que me foram demonstrados. também disso começo a sentir saudades”, disse o primeiro papa latino-americano, após sete


dias no brasil para a xxviii jornada mundial da juventude, a primeira visita ao estrangeiro desde que foi entronizado. o pontífice prometeu voltar ao país em 2017, concluindo o discurso com


um “até breve”, recebendo do vice-presidente brasileiro votos de “boa viagem” e um convite para regressar sem demora ao brasil, país com mais fiéis católicos em todo o mundo. “na próxima vez


[que vier], portanto, simplesmente entre sem pedir licença, porque no coração dos brasileiros sempre haverá um lugar para recebê-lo”, disse. o último dia da visita do papa francisco ao


brasil ficou marcado por uma missa que o pontífice celebrou perante três milhões de peregrinos, na praia de copacabana, animada com música e cânticos. o papa aproveitou a ocasião para


anunciar que cracóvia, na polónia, a terra natal do papa joão paulo ii, acolherá a próxima jornada mundial da juventude, em 2016, notícia que mereceu um forte aplauso dos peregrinos,


nomeadamente polacos. aos bispos da américa latina e das caraíbas, com quem se encontrou no último dia da visita ao brasil, o pontífice pediu que sejam “pastores, juntos do povo, homens que


amam os pobres e não pensam nem se comportam como príncipes”. “os bispos devem liderar, o que não é a mesma coisa do que ser autoritário”, avisou num discurso em que também advertiu contra o


“clericalismo” no qual a igreja projecta uma imagem de poder e de privilégio, cabendo ao leigo orar e obedecer. “o fenómeno do clericalismo explica, em grande parte, a falta de maturidade e


liberdade cristã numa boa parte dos leigos da américa latina”, disse. aos 60 mil voluntários que ajudaram a organizar a jornada mundial de juventude, que hoje terminou no rio de janeiro, o


papa agradeceu e pediu que sejam “revolucionários” e que recusem a cultura do provisório que impede que as pessoas se comprometam para sempre. o papa afirmou que, por seguirem a cultura do


provisório, algumas pessoas acreditam que o matrimónio ou o sacerdócio estão fora de moda e que não vale a pena um compromisso para toda a vida. “eu peço-vos que sejam revolucionários, que


vão contracorrente, contra esta cultura do provisório que julga que vocês não são capazes de assumir responsabilidades e de amar verdadeiramente”, afirmou o papa francisco. espera-se que o


papa regresse ao brasil para as comemorações dos 300 anos do descobrimento, no interior de são paulo, de uma imagem de nossa senhora da aparecida, santa que se tornou a padroeira do brasil.


lusa/sol