A educação a distância não é mais o patinho feio do ensino superior

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Em 2015, segundo os dados do Inep/MEC mais recentes disponíveis, houve 6,6 milhões de matrículas na educação superior na modalidade presencial (pública e privada), um crescimento de 46%


sobre 2005. Nesses mesmos dez anos, o crescimento do número de alunos na educação a distância (EaD) foi de 1.120%, atingindo a antes inimaginável cifra de 1,4 milhão de alunos – ou seja, 21%


do número de estudantes presenciais. Há ainda cerca de outros 5 milhões de adultos ou jovens estudando uma especialização, ou disciplinas específicas, ou cursos _in company_ em plataformas


estritamente digitais. Um em cada três alunos de licenciatura faz o curso on-line; em Pedagogia, metade. No seu início, em torno de 2003, a EaD enfrentava (merecidamente) elevados


preconceitos por precarizar a qualidade do ensino. Depreciavam-na como o “supletivo da educação superior”. Hoje, no entanto, com os avanços das novas tecnologias, com a profusão de ambientes


virtuais aliados a novos modelos pedagógicos (metodologias ativas), propicia-se a oferta de uma educação de qualidade equiparável à dos cursos presenciais. > 79% dos brasileiros com mais


 de 16 anos acreditam que a EaD é uma > solução para levar educação a mais pessoas >    Veja também Soma-se, ainda, a incorporação pelas instituições de ensino superior de


profissionais (professores, tutores, mentores, técnicos etc.) com expertise na modalidade, laboratórios, videoaulas e momentos para a troca de ideias no ambiente virtual. Ademais, mesmo


sendo de 1996, a LDB faz referência à EaD em nove artigos ou incisos, e o MEC tem amparo ferramental para avaliar os cursos remotos com os mesmos critérios dos presenciais, sendo elevadas as


exigências para a implantação de polos. E três sempre foram as principais características da EaD: horários flexíveis, preços acessíveis e não necessidade de deslocamentos para as aulas. Com


o ganho de escala, a mensalidade, na média, fica em torno de 40% da similar na modalidade presencial. É um instrumento democrático, pois permite ao aluno estudar onde e quando puder.


Enfatize-se: é uma modalidade que exigirá tanto ou mais horas de estudo que a presencial. Requer disciplina pessoal, foco, autonomia e maturidade para não cair no sedutor mundo das mídias


sociais e outras distrações virtuais. E, após a conclusão, o diploma não faz qualquer inferência de que a graduação foi feita na modalidade on-line. Todavia, apesar do crescimento expressivo


de matrículas nas graduações, a taxa de escolarização de educação superior no Brasil ainda é muito baixa: apenas 13% dos trabalhadores têm faculdade (no Japão, são 45%) e somente 18% dos


nossos jovens de 18 a 24 anos estão matriculados no ensino superior (o Chile tem 45% e a Argentina, 34%). Em meio a esse deserto, viceja o oásis do ensino em plataformas digitais com seu


gigantesco potencial num país de dimensões continentais. Pesquisa encomendada pela CNI ao Ibope, em 2014, apontou que 79% dos brasileiros com mais de 16 anos acreditam que a EaD é uma


solução para levar educação a mais pessoas. Outra pesquisa realizada com matriculados na EaD aponta que 41% dos alunos têm entre 31 e 40 anos e 87% trabalham fora. A bem da verdade, se hoje


ainda há alguma dicotomia entre educação presencial e on-line, em poucos anos serão modalidades tão simbióticas que diremos “é ensino e ponto”. Em nossas instituições de ensino, cada vez


maior é o avanço célere da oferta de ensino híbrido, _blended_ ou semipresencial – nos quais se amalgamam o presencial e o virtual sob os ditames do que melhor convém para o aprendizado. Em


recente palestra na Universidade Positivo, o professor Armando Valente, da Unicamp, afirma apropriadamente que “o nosso diploma, até pouco tempo atrás, era medido por horas de bunda do aluno


em sala de aula”. Educação digital não é modismo na graduação: ela veio para ficar.