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"Numa sociedade como a de Portugal não seria fácil, não foi fácil de certeza absoluta, que uma mulher negra chegasse a fazer parte de um Governo", afirmou Hélder Pitta-Groz,
questionado pelos jornalistas, em declarações emitidas hoje pela rádio pública angolana. Francisca van Dunem nasceu em Luanda a 05 de novembro de 1955, no seio de famílias conhecidas de
Angola – Vieira Dias, pelo lado materno, e van Dunem pelo paterno – e é a segunda magistrada a ocupar a pasta da Justiça em Portugal, depois de Laborinho Lúcio. "Também foi quebrar um
bocado esse tabu que havia em Portugal: mulher negra não", disse o vice-procurador-geral da República de Angola, assumindo-se como amigo da família da nova ministra da Justiça de
Portugal. "Se o PS e os seus parceiros a escolheram é porque reconhecem as suas competências e as suas capacidades", apontou ainda, naquela que é a primeira reação conhecida de
elementos próximos do Governo de Angola a esta nomeação. Francisca van Dunem chegou a Portugal com 18 anos, para estudar direito, mas a revolução do 25 de Abril de 1974 apanhou-a no segundo
ano do curso, tendo regressado temporariamente a Angola. Em Portugal, a nova ministra da Justiça fez toda a carreira profissional como magistrada no Ministério Público. É irmã de José van
Dunem, do setor ortodoxo e de obediência soviética do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, e cunhada da militante comunista Sita Valles, ambos mortos na
sequência do golpe de maio de 1977 em Angola. Lusa/SOL