A conversa que incrimina Vara

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Vara foi confrontado com uma série de fotografias de encontros e muitas escutas telefónicas – nomeadamente, a que a seguir se transcreve e que os magistrados consideram provar que iria


receber 25 mil euros (os «25 quilómetros») como contrapartida: MANUEL GODINHO – Sim. ARMANDO VARA – Olá. M.G. – Olá, boa tarde. Está tudo bem? A.V. – Viva. Como está? Tudo bem. Então? M.G. –


Você ligou-me. A.V. – Eh! Hoje não. M.G. – Foi ontem? A.V. – Liguei-lhe há dias para saber como é que tinha corrido aquilo do…, mas já falámos depois disso. M.G. – Está a correr bem. Eh!


Não, eu tinha aqui hoje uma chamada não atendida. A.V. – Sim, porque ele pediu-me para lhe… ele queria falar consigo, não era? M.G. – Foi ontem, então, não foi? A.V. – Foi, foi… não, ontem


não. M.G. – Eu estava na recepção, tá a ver? Eu estava na recepção e o senhor já estava lá em cima. Estávamos desencontrados. A.V. – Pois foi, pois foi. Foi nessa altura, foi. M.G. – É que


eu cheguei mais cedo. A.V. – Tá bem. M.G. – Olhe! A.V. – Tá tudo a correr bem. M.G. – Você aqui há dias falou-me, falou-me naquela situação, que, lembra-se? E era para agora, era? A.V. – A


situação de quê? M.G. – Se for, para a semana passo por aí. A.V. – Não me lembro do quê! M.G. – Eh! Você falou-me em 25 quilómetros. A.V. – Não, não, não, é para depois, isso é para depois.


M.G. – Ah! Então depois a gente fala tá bem? A.V. – Tá bem, tá bem. OK. A gente depois vê isso. M.G. – Tá OK. Pronto. De resto, está tudo a correr bem. A.V. – É. Ele disse-me que estava, que


tinha falado e depois ligou-me, pediu-me para lhe dar o telefone… M.G. – Pois. A.V. – … para falar de outra coisa. M.G. – OK, OK. A.V. – Sim, senhor. Então vá. MG – Tá. Um abraço, senhor


doutor. A.V. – Um abraço para si também. M.G. – Obrigado. O dinheiro, sustentam os magistrados de Aveiro, terá sido entregue depois, num almoço em casa de Godinho, no dia 20 de Junho – e no


qual também esteve Lopes Barreira, suspeito de ter recebido igual quantia. No interrogatório em Aveiro, Armando Vara negou e disse que a conversa em causa é apenas a combinação de um


depósito de 250 mil euros de Manuel Godinho no BCP. ‘Quilómetros’, alega, é um termo usado por alguns banqueiros e empresários, sendo que ‘um quilómetro’ significa 10 mil euros. Tanto o


procurador João Marques Vidal como o juiz de instrução António Gomes consideraram esta explicação inverosímil. SOL