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A veterinária joana barros deu à luz levi, na companhia do marido e do primogênito (Foto: Mari Cardoso Fotografia de Parto)
Cheirinho de bolo recém-tirado do forno, um sofá macio, fotos nas paredes, um abraço apertado. Poderia ser o cenário da chegada à casa de uma avó, mas é a recepção da Casa Angela, uma casa
de parto localizada no Jardim Monte Azul, Zona Sul de São Paulo, exclusiva para o atendimento de usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS). Nas três suítes do local acontecem de 40 a 50
partos por mês, todos humanizados. “Tem comida gostosa, jardim, quintal. Nos sentimos acolhidas e à vontade. É um lugar de onde não se quer ir embora”, conta a bailarina e atriz Larissa
Menezes Guimarães, 32, mãe de Ravi, 2 anos, e de Eloim, 1 mês, ambos nascidos lá.
Para Larissa, a escolha foi uma fuga do hospital, onde acontece a grande maioria dos nascimentos no Brasil – mais de 98%, segundo o Datasus, e para ter a tranquilidade de conseguir o parto
que desejava. Embora cerca de 70% das mulheres, no início da gestação, desejem um parto normal, 52% dos bebês chegam ao mundo por cesarianas, de acordo com o relatório Nascer no Brasil, da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “Desejava passar apenas por procedimentos necessários, e não por protocolos. Não queria ter de brigar para ser respeitada”, conta Larissa.
Apesar do clima acolhedor, as casas de parto podem atender a vários tipos de emergências, segundo explica a obstetriz Ana Cristina Duarte, que está à frente da primeira casa de parto
particular de São Paulo, a ser inaugurada nos próximos meses: “As casas têm árvores, áreas ao ar livre, itens que trazem sensação de aconchego, mas dentro de uma estrutura de saúde. Temos
equipamentos de reanimação e outros recursos de emergência, que estão ali, se forem necessários, mas ‘desaparecem’ dentro de um ambiente em que tudo parece uma casa. O relógio na parede, a
escolha das cores, a mesa de jantar, o sofá. A ideia é se afastar da sensação de hospital”.
"TODO ATENDIMENTO EMERGENCIAL PODE SER INICIADO NA CASA DE PARTO. SE NECESSÁRIO, FAZ-SE UMA TRANSFERÊNCIA"
Liberdade. A palavra é usada com frequência por quem explica o motivo de ter escolhido uma casa de parto. Por não serem classificados como hospitais, os estabelecimentos desse tipo conseguem
ter protocolos menos rígidos, ampliando as possibilidades de conforto das gestantes, que podem comer o que quiserem, levar objetos pessoais, ouvir música, abaixar as luzes, caminhar, ficar
perto dos filhos mais velhos... “Conseguimos personalizar o atendimento, oferecer métodos naturais de alívio da dor e permitir que a mãe traga elementos que são importantes para ela. Já
tivemos mulheres que montaram um altar na sala de parto, marido que trouxe violão para a mulher cantar e dançar no parto. Tudo isso é bem possível”, diz Caroline Ferreira Iguchi,
coordenadora técnica da Casa Angela. “Você escolhe a posição para parir, pode caminhar, não fica em jejum”, acrescenta Fernanda Ribeiro Viviani, gerente de unidade da Casa de Parto de
Sapopemba, Zona Leste de São Paulo, que também atende pelo SUS.
Pode parecer supérfluo, mas o ambiente e a liberdade fazem toda a diferença no andamento e no desfecho de um parto natural. “Visitei outros países e procurei conhecer os cenários obstétricos
desses lugares para entender as diferenças com relação ao que temos no Brasil. Estamos muito atrasados em termos de conforto para a gestante. Tem uma política de colocar a mulher dentro de
um centro cirúrgico, o que faz o parto ser muito caro e pouco confortável. Ela não pode comer livremente, fica em um ambiente fechado, entre tantos outros protocolos. É um sistema arcaico,
que provoca impacto no emocional e afeta a produção de hormônios e, portanto, o andamento do trabalho de parto”, defende Ana Cristina.
O obstetra Paulo Noronha, do Espaço Mãe (SP), reitera. “Quando a paciente está segura e confortável, tanto com o ambiente do parto quanto com as informações que recebeu no pré-natal, ela se
sente amparada, o que ajuda a controlar o medo. Tranquila e bem acolhida, ela não vai, por exemplo, liberar adrenalina, que ‘corta’ o trabalho de parto, só hormônios que favorecem o
processo, como a ocitocina”, explica.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem hoje 39 centros de parto normal, que atendem pela rede pública. São 161 leitos, fora as casas de parto particulares, que não são contabilizadas
pela pasta. O número ainda é baixo perto do total de quase 3 milhões de nascimentos registrados no país todos os anos, mas o movimento registra avanços desde 2011, com a criação da Rede
Cegonha, programa que tem entre as premissas justamente o vínculo da gestante com o local onde ocorrerá o parto.
Caio, 4 anos, acompanhou de perto, junto do pai, lucas, o nascimento do irmão, Levi, na casa de parto luz de candeeiro (df) (Foto: Mari Cardoso Fotografia de Parto)
Essa relação da mulher com o local em que dará à luz se fortalece ao longo de toda a gravidez e costuma ir além dela (como você vai ver no final desta reportagem). Na maioria das casas, além
do atendimento no nascimento, a rede de apoio se faz presente. Grupos de gestantes e puérperas – ainda que virtuais em tempos de pandemia – oferecem às mães e pais de recém-nascidos
oportunidades de troca e aprendizado, totalmente gratuitos nas casas públicas.
Tanto na Casa Angela quanto na Casa Sapopemba, o pré-natal ocorre com a mesma equipe que acompanha os partos; e as consultas de pós-parto são conjuntas entre a mãe e o bebê.Quem decide ter o
bebê na Casa Angela pode começar as consultas com a equipe a partir de 28 semanas de gestação [período que varia de acordo com a casa escolhida]. Antes disso, o pré-natal pode ser realizado
com um obstetra no posto de saúde. Ali, além do acompanhamento clínico feito pelas obstetrizes e enfermeiras obstetras – que também estão habilitadas a pedir todos os exames e a examinar
mãe e bebê –, existem rodas de conversa e atividades voltadas ao preparo da família para o parto e o pós-parto. “É o que chamamos de pré-natal humanizado, com consultas individuais,
elaboração de plano de parto, grupos de preparação para o parto... Tudo utilizando práticas integrativas [que buscam ver o ser humano como um todo] de saúde”, destaca Caroline, da Casa
Angela.
"As avaliações da mãe e do bebê nas casas de parto são feitas por enfermeiras obstetras e obstetrizes"
Ao chegar já em trabalho de parto, a mãe é recebida sem tantas perguntas como em uma maternidade, porque os dados e exames já estão nos registros. Não é necessário o trâmite da abertura de
ficha, por exemplo. A cardiotocografia – exame que avalia o bem-estar fetal e é padrão também nas maternidades – é feita sem que a grávida tenha de ficar deitada em uma maca, exigência comum
no ambiente hospitalar. Além disso, da chegada dela ao local até o nascimento do bebê, a gestante fica em um mesmo ambiente, um quarto privativo, sem a necessidade de transferências em
pleno trabalho de parto. E esse conforto se estende até a chamada golden hour – ou hora dourada, os primeiros 60 minutos de vida do recém-nascido –, período fundamental para o vínculo entre
mãe e bebê e os estímulos iniciais de amamentação, o que contribui para a contração uterina e a expulsão da placenta.
A veterinária Joana Barros, 30 [foto que ilustra a abertura desta reportagem], teve seu primeiro filho, Caio, há quatro anos, em um parto domiciliar, e foi para ficar mais perto dele durante
o nascimento do caçula, Levi, agora com 10 meses, que ela optou por uma casa de parto. “Perdi meu pai durante a segunda gravidez, e esse processo de luto estava muito presente. A escolha me
fez sentir mais segura”, diz ela, que deu à luz na casa de parto particular Luz de Candeeiro, em Brasília, com a mesma equipe que a atendeu no nascimento de Caio. Para Joana, a presença do
primogênito foi marcante e fez toda a diferença – algo que não é permitido em um hospital. “Ele estava tranquilo. Quis permanecer conosco e ficou muito feliz ao ver o irmão nascendo”,
lembra.
Durante o trabalho de parto, Joana pôde caminhar pelo bairro e se alimentar. Também teve alta pouco tempo depois – em cerca de seis horas, período comum nas casas de parto particulares. Nas
públicas, a média é de 24 horas.
Na Casa Sapopemba, por exemplo, após o parto e a golden hour, as mulheres ficam em um quarto coletivo até o momento da alta, com mais uma ou outra puérpera – se houver mais partos no mesmo
dia. Na Casa Angela e nas particulares, os alojamentos são privativos. As particulares contam, inclusive, com cama de casal para conforto do acompanhante, além do berço para o bebê, que fica
o tempo todo com os pais.
Em geral, todas as salas de parto são equipadas com bolas, banheira, chuveiro, banqueta. Mas a estrutura física, claro, varia de unidade para unidade.
Tanto as avaliações da mãe quanto do bebê nas casas de parto são feitas por enfermeiras obstetras e obstetrizes – não há médicos no corpo profissional. “Cada bebê é avaliado cuidadosamente
e de forma individual. O único procedimento de rotina é a aplicação da vitamina K, indicada para prevenir hemorragias”, conta a responsável pela Casa Angela.Esse é um modelo bastante comum
no exterior. No Reino Unido e em vários outros países europeus, os partos de risco habitual são geralmente feitos por parteiras, as “midwives”, o que resulta em menos intervenções, além de
custos mais baixos. Por lá, o parto pode ser realizado na própria residência da mãe ou em uma casa de parto, segundo definições do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS).
Salas de parto nas casas Sapopemba e angela (sp), equipadas com banheira, bola e outros métodos para alívio não farmacológico da dor. (Foto: DIVULGAÇÃO/Secretaria Municipal de SaÚde)
Embora o Conselho Federal de Medicina não proíba a presença de médicos nas casas de parto, a atuação deles não é recomendada, por se tratar de um ambiente não hospitalar.“Considerando a
estrutura de uma casa de parto, pensada para atender gestantes de risco habitual, ou seja, com mãe e bebê saudáveis, e seguindo todos os protocolos de segurança, não é necessário ter um
médico no cenário. Enfermeiras obstetras ou obstetrizes podem, sim, fazer o pré-natal e atender partos”, explica o obstetra Paulo Noronha.
“É preciso reconhecer a fisiologia do nascimento, da concepção ao puerpério. Quem realiza o parto é a mulher. O profissional habilitado apenas assiste, dá apoio a ela, que é a protagonista.
Por isso, gestantes de risco habitual, sem complicações, podem ter seus filhos em casas de parto”, diz Valdecyr Herdy Alves, coordenador da Comissão de Saúde da Mulher do Conselho Federal de
Enfermagem (Cofen).
Um dos maiores estudos já feitos pela comunidade científica sobre o assunto, publicado no British Medical Journal (BMJ), em 2011, analisando cerca de 65 mil partos no Reino Unido, concluiu
que, para gestantes de risco habitual, não houve diferenças em índices de mortalidade neonatal ou materna entre partos hospitalares, domiciliares ou em casas de parto. Mas há quem se
preocupe com a ausência de médicos.
Apesar das evidências, por aqui, a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) não recomenda nascimentos fora do ambiente hospitalar. “As complicações que determinam o óbito
ou sequelas graves, como o descolamento prematuro de placenta, hemorragias, rotura uterina, acidentes vasculares, embolia amniótica, anafilaxias... podem ocorrer também em parturientes
ditas de risco habitual. A classificação de baixo risco ou de risco habitual é dinâmica, e essa definição só se completa depois do nascimento, com o bebê já no colo da mãe”, diz o
ginecologista e obstetra Alberto Trapani Júnior, presidente da Comissão Nacional Especializada da Febrasgo de Assistência ao Parto, Puerpério e Abortamentos. “O que inicialmente parecia de
baixo risco pode se transformar em alto risco em poucos minutos, e as ações necessárias para preservar a vida da mãe e do bebê precisam ser rápidas. A posição da Febrasgo é de defesa do
parto realizado dentro do hospital, com equipe de saúde completa, composta por médicos obstetras, médicos neonatologistas, médicos anestesistas, enfermeiras, técnicas de enfermagem e demais
profissionais”, completa.
Salas de parto nas casas Sapopemba e angela (sp), equipadas com banheira, bola e outros métodos para alívio não farmacológico da dor. (Foto: DIVULGAÇÃO/Secretaria Municipal de SaÚde)
"Mais liberdade: na casa de parto, A grávida pode comer, caminhar, abaixar as luzes, estar perto dos filhos mais velhos..."
Embora a liberdade e os protocolos mais flexíveis estejam entre as principais vantagens de uma casa de parto, esses locais precisam seguir regras para continuar funcionando e atendendo com
segurança. “Alguns protocolos são bem rígidos, como a ausculta fetal, por exemplo [avaliação frequente dos batimentos cardíacos do bebê durante o trabalho de parto]. Na maioria das vezes
conseguimos conciliar tudo isso com a autonomia e as preferências da mulher, como a escolha da posição que for mais confortável para a avaliação, que pode ser feita até dentro da banheira. A
instituição é monitorada o tempo todo pela Secretaria Municipal de Saúde e pelo Conselho Regional de Enfermagem, com avaliação da taxa de transferência, índice de Apgar, índice de infecção
e outros. Temos um compromisso bem forte com qualidade e segurança”, explica Caroline.
As casas devem atender ainda a uma série de normativas da Vigilância Sanitária – que varia de acordo com o estado –, ter alvará de funcionamento e apresentar protocolos bem definidos de
atendimento às autoridades públicas de saúde [como a Anvisa, o Conselho de Enfermagem, a Secretaria Municipal de Saúde e o Ministério da Saúde]. Os estabelecimentos também contam com
estrutura e equipamentos para os primeiros cuidados com a mãe e o bebê, em caso de emergência. “Temos um espaço familiar, aconchegante, mas com todas as medicações e equipamentos necessários
para dar os primeiros passos no atendimento de uma emergência”, explica a pediatra e neonatologista Andréa Lucia Gouveia, fundadora da Clínica Opima, que atende partos humanizados em
Itapetininga, interior de São Paulo. Por se tratar de uma clínica multidisciplinar, que tem outras especialidades e tipos de atendimento não relacionados ao parto, lá, a atuação dos médicos
é permitida.
Quarto da casa de parto Opima, Itapetininga (SP), com cama de casal (Foto: DIVULGAÇÃO/Secretaria Municipal de SaÚde)
Além desses cuidados, é necessário que a casa de parto ofereça um plano de transferência para o atendimento de maior complexidade, ou seja, um hospital a até 20 minutos de distância e,
diferente dos partos que acontecem em casa, é necessário ter uma ambulância disponível 24 horas por dia.Um parto pode começar na casa de parto e terminar no hospital, e é importante prever
essa possibilidade, tanto no preparo emocional da gestante quanto no planejamento prático. Segundo a administração da Casa Angela, isso acontece com cerca de 20% das grávidas atendidas por
lá.
Uma delas foi a empresária Suzana Silva de Souza, 33 anos, em sua terceira gestação. Mãe de quatro crianças, ela conheceu a casa em 2012, quando esperava sua primeira filha, Tamires, hoje
com 8 anos. A experiência foi tão positiva que ali nasceram Cecília, 5, e Alessandro, 2. No último parto, porém, de Helena, agora com 8 meses, ela precisou ser transferida. “Ela estava mais
quietinha no final do trabalho de parto. Foi uma medida preventiva, para evitar qualquer risco, mas ela nasceu no hospital, muito bem. Lá, fui tratada de maneira respeitosa, mas a bebê teve
icterícia e fiquei uma semana sem ver meus filhos mais velhos, que não puderam nos visitar por causa da covid-19. Isso foi surreal”, lembra.Como o caso da pequena Helena, alterações nos
batimentos cardíacos dos bebês estão entre as causas mais comuns de necessidade de transferência. Outros motivos frequentes são parada da evolução do trabalho de parto, tempo de ruptura da
bolsa (que exige que a mulher tome um antibiótico) ou uma hemorragia materna após o nascimento. Em algumas situações, a mudança de planos é feita por vontade da própria mãe, quando não se
sente bem por qualquer motivo ou porque deseja uma anestesia, por exemplo, que não pode ser administrada fora de um ambiente médico. “Fórceps, vácuo, anestesia, cesárea... Nada disso pode
ser feito em uma casa de parto. O que é permitido é estancar uma hemorragia pós-parto, suturar uma laceração, fazer reanimação neonatal. Todo atendimento emergencial pode ser iniciado na
casa de parto, e aí, se necessário, faz-se uma transferência”, explica Ana Cristina Duarte.
“As transferências costumam ser tranquilas e seguras. Em caso de algum motivo urgente, a equipe médica, a ambulância e o hospital de referência são acionados, de maneira a tornar ágil e
rápida a continuidade do cuidado no hospital”, diz a enfermeira obstetra Ana Cyntia Paulin Baraldi, uma das fundadoras da casa de parto particular Luz de Candeeiro, em Brasília, que tem
capacidade para atender até 30 nascimentos por mês.
Bem diferente do que acontece em um hospital – quando a gestante tem alta dois ou três dias após o parto –, quem dá à luz em uma dessas casas costuma ir embora em até 24 horas, se a mãe e o
bebê, avaliados pelas obstetrizes e enfermeiras obstetras, estiverem bem. As visitas aos pais e bebês recém-nascidos no período de permanência são bem-vindas, mas, hoje, cada casa tem sua
própria política a esse respeito por conta da pandemia do novo coronavírus.Depois da alta, a relação da família com a casa não termina. A maioria dos locais oferece o retorno para uma
avaliação da mãe e do bebê, além de outras atividades, como a promoção de grupos de mães, cursos e atividades, o que reforça ainda mais o vínculo com o lugar e com as outras famílias. As
equipes também dão suporte, tanto presencial quanto por plantões telefônicos, caso da amamentação – sem dúvidas um dos maiores desafios das mães recém-nascidas.
“Depois do nascimento da Tamires, percebi que ali não é só uma casa de parto. Tive depressão pós-parto e fui muito acolhida pela equipe. Mudei de vida e minha forma de trabalhar a partir do
que aprendi na Casa Angela”, conta Suzana, que deixou o mercado de trabalho tradicional e hoje tem uma marca de carregadores de bebê, é doula e consultora de amamentação.
Além de cuidado e atenção, em uma casa de avó você encontra colo, carinho e todo o incentivo para começar com todo o amor uma nova história de família. O mesmo acontece em uma casa de parto
só que, de lá, os pais saem com a memória afetiva recarregada e com o melhor presente nos braços: seu bebê.
Com liberdade para caminhar, A EMPRESÁRIA Suzana chegou a ser avaliada no quintal da Casa Angela (sp) (Foto: Acervo pessoal)
Nas casas de parto, a primeira hora de vida do bebê é de contato pele a pele com a mãe, exceto em casos de emergência. Se o bebê está bem, as avaliações são feitas no colo da mãe. Todo o
resto pode esperar! Inclusive o banho, que é dado bem depois, geralmente pelo pai.
Como a alta ocorre de forma precoce (6 horas nas casas particulares ou até 24 horas nas públicas), nem todos os testes e vacinas ocorrem no local. A maioria é agendada para dias depois. Na
Casa Sapopemba, por exemplo, em São Paulo, a vacina da hepatite B é oferecida após o nascimento, e a BCG é agendada e aplicada em um posto de saúde. Os testes do olhinho e da linguinha são
feitos no local, na consulta conjunta entre mãe e bebê, cinco dias depois. O teste da orelhinha é agendado pela equipe e feito em um ambulatório próximo.
A Casa Angela faz os cinco testes de triagem neonatal: orelhinha, linguinha, coração, pezinho e olhinho, com agendamento. Eles também oferecem a vacina da hepatite B e se preparam para
implantar a aplicação da BCG até 2021.
Nas casas particulares, mãe e bebê saem com encaminhamentos para os testes e vacinas.
Esses estabelecimentos atendem mulheres com gravidez de risco habitual e, portanto, mãe e bebê precisam estar com exames em dia e marcadores, como tamanho da criança, quantidade de líquido
amniótico e pressão arterial, saudáveis. Por isso, o nascimento não pode ocorrer numa casa de parto quando...
A mãe tem qualquer doença que aumente o risco do parto, como hipertensão, anemia, diabetes, doenças autoimunes ou cardiopatias;O bebê tem baixo peso ou crescimento restrito. Placenta e
líquido amniótico devem ser considerados normais;
O parto acontece fora do termo, prematuro, antes de 37 semanas, ou depois de 42 semanas.
O trabalho de parto deve se iniciar espontaneamente, sem necessidade de indução;
O bebê não está em posição cefálica, ou seja, de cabeça para baixo. Casas de parto também não atendem partos de gêmeos e algumas restringem ainda partos normais com cesárea anterior.
Os valores para dar à luz um bebê em uma casa de parto particular variam muito, podendo ir de R$ 5 mil a R$ 15 mil nos locais ouvidos por CRESCER.