Oceanos sofrem com o calor da poluição climática humana

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Oceanos sofrem com o calor da poluição climática humana 09:23 | 02/06/2025 Autor Benjamin LEGENDRE Benjamin LEGENDRE Autor Ver perfil do autor Tipo Notícia


Os oceanos absorveram até agora a grande maioria do aquecimento causado pela queima de combustíveis fósseis e protegeram as sociedades do impacto total das emissões de gases de efeito


estufa. 


Mas esse aliado crucial mostra sintomas alarmantes de estresse: ondas de calor, desaparecimento da vida marinha, aumento do nível do mar, diminuição do nível de oxigênio e acidificação


causada pela absorção do excesso de dióxido de carbono. 


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- Aquecimento -


Ao absorver mais de 90% do calor excedente preso na atmosfera pelos gases de efeito estufa, "os oceanos aquecem cada vez mais rápido", explica Angelique Melet, oceanógrafa do monitor europeu


Mercator Ocean. 


O painel de especialistas climáticos do IPCC da ONU disse que a taxa de aquecimento dos oceanos - e por consequência, sua absorção de calor - duplicou amplamente desde 1993. 


A temperatura média da superfície do mar alcançou novos recordes em 2023 e 2024. 


Apesar de um respiro no início de 2025, as temperaturas se mantêm em níveis historicamente altos, segundo dados do monitor climático Copernicus da União Europeia. 


O Mediterrâneo estabeleceu um novo recorde de temperatura em cada um dos últimos três anos e é uma das bacias mais afetadas, junto do Atlântico Norte e o oceano Ártico, diz Thibault


Cuinaldo, do centro de pesquisa CEMS da França. 


As ondas de calor marinhas dobraram de frequência, duraram mais, foram mais intensas e afetaram uma área maior, informou o IPCC em seu relatório especial sobre os oceanos.


Os mares mais quentes podem fazer com que as tempestades sejam mais violentas, já que se alimentam do calor e da água evaporada. 


O aquecimento da água também pode ser devastador para as espécies, especialmente para os corais e as pradarias marinhas, que não conseguem migrar. 


No caso dos corais, espera-se que entre 70% e 90% seja perdido neste século se o mundo alcançar um aquecimento de 1,5º C em comparação com os níveis pré-industriais. 


Os cientistas esperam que esse nível - o objetivo mais ambicioso do acordo climático de Paris - seja superado no início da década de 2030, ou, até mesmo, antes. 


- Aumento implacável -


Quando um líquido ou gás aquece, se expande e ocupa mais espaço. 


No caso dos oceanos, essa expansão térmica se combina com o derretimento lento, mas irreversível das cascatas polares e das geleiras de montanha do mundo, o que provoca o aumento do nível do


mar. 


O ritmo no qual o nível dos oceanos globais aumenta dobrou em três décadas e, se as tendências atuais continuarem, voltará a dobrar até 2100 a aproximadamente um centímetro por ano, segundo


pesquisas recentes. 


Cerca de 230 milhões de pessoas em todo o mundo vivem a menos de um metro sobre o nível do mar, vulneráveis a ameaças cada vez maiores de inundações e tempestades. 


"O aquecimento oceânico, assim como o aumento do nível do mar, se tornou um processo incontornável", disse Melet. 


"Mas se reduzirmos as emissões de gases de efeito estufa, reduziremos a taxa e a magnitude do ano, e ganharemos tempo para a adaptação". 


- Mais acidez, menos oxigênio -


O oceano não armazena calor apenas, ele também tem absorvido entre 20% e 30% de todas as emissões de dióxido de carbono dos humanos desde a década de 1980, segundo o IPCC, o que faz com que


as águas se tornem mais ácidas. 


A acidificação prejudica os corais e dificulta a calcificação dos mariscos, dos esqueletos de crustáceos e de certos tipos de plâncton. 


"Outro indicador importante é a concentração de oxigênio, que obviamente é importante para a vida marinha", disse Melet. 


A perda de oxigênio se deve a um conjunto complexo de causas, incluindo as relacionadas ao aquecimento da água. 


- Menos gelo marinho -


A extensão combinada de gelo marinho do Ártico e Antártico - água oceânica congelada que flutua na superfície - caiu a mínimo histórico em meados de fevereiro. 


Isso se torna um círculo vicioso, já que menos gelo marinho permite que chegue mais energia solar e aqueça a água, o que leva ao derretimento de mais gelo. 


Isso alimenta o fenômeno da "amplificação polar" que faz com que o aquecimento global seja mais rápido e intenso nos polos, diz Guinaldo. 


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