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"O Eternauta" amplia busca por desaparecidos na Argentina 00:02 | 22/05/2025 Autor DW DW Autor Ver perfil do autor Tipo Notícia
Série argentina sobre a épica luta pela sobrevivência de Juan Salvo se torna ficção de língua não inglesa mais assistida da Netflix e multiplica por seis o número de consultas às Avós da
Praça de Maio.A série O Eternauta se tornou a ficção de língua não inglesa mais assistida da Netflix desafiando as fronteiras com a realidade. Baseado em uma famosa história em quadrinhos
argentina, de 1957, a produção também veio para tentar "consertar" algumas coisas no mundo real. "A série nos deu a oportunidade de falar sobre a história da família Oesterheld, de Hector
[autor do quadrinho original de 1957], de suas quatro filhas desaparecidas e dos dois netos ou netas que procuramos, já que duas delas estavam grávidas quando foram sequestradas", explicou à
DW Manuel Gonçalves Granada, secretário das Avós da Praça de Maio. A organização não governamental é dedicada a localizar e devolver às suas famílias crianças desaparecidas durante a última
ditadura argentina (1976-1983). Segundo Granada, desde o lançamento da série, em 30 de abril, até a última sexta-feira (16/05), a ONG recebeu seis vezes mais consultas de pessoas com
dúvidas sobre a própria identidade, na comparação com mesmo período do ano passado. Já o número de pessoas que entraram em contato para fornecer informações sobre possíveis casos triplicou
nesse intervalo. Sucesso absoluto A série acompanha a trajetória de Juan Salvo (Ricardo Darín), que, após uma nevasca tóxica produzir um cenário distópico em Buenos Aires, se torna viajante
do tempo e do espaço em busca de sua família. Não é um relato histórico, mas um episódio na vida do autor aproximaria ficção da realidade: vinte anos após a publicação do quadrinho, ele teve
destino semelhante ao dos personagens que concebeu. "Há um espectador que está assistindo a uma série de ficção científica, mas por trás dela existe uma história familiar muito difícil e,
embora a série não conte isso explicitamente, ele pode acabar descobrindo depois de assistir à série e descobrir quem é o autor e o que aconteceu com sua família durante a ditadura", afirma
Granada. O fenômeno contribuiu para o sucesso da série dirigida por Bruno Stagnaro, que alcançou o primeiro lugar entre as atrações da Netflix mais assistidas em vários países da América
Latina e da Europa. "Produções como essa nos permitem amplificar a mensagem", argumenta Giselle Tepper, representante da organização de direitos humanos H.I.J.O.S (Filhos e Filhas pela
Identidade e Justiça contra o Esquecimento e o Silêncio). "Não somos só nós, as organizações de direitos humanos e as famílias, que estamos procurando. Quem assistiu à série também está
procurando, quem soube, por meio desta história, que o autor está desaparecido há quase 50 anos", disse em entrevista à DW. Busca que não termina "E achamos que os netos que procuramos podem
ter visto a série, assim como a próxima geração: os bisnetos de Oesterheld. Ou talvez alguém os conheça", espera Tepper. Carlos Pisoni, também integrante da H.I.J.O.S, calcul
a que cerca de 500 netos foram roubados, entre os quais 139 foram encontrados. Quem pegou essas crianças para criar costuma ser chamado de "apropriador". "Estamos falando de pessoas entre 46
e 50 anos, que andam entre nós, que estão vivas, que têm outro nome, e que chamam os apropriadores de ‘pai'. E, além disso, essas pessoas têm filhos: são bisnetos das avós", explica Pisoni,
cujos pais estão desaparecidos. Para Pisoni, a principal mensagem da série está "mais viva do que nunca": a de que o único herói possível é o coletivo, que ninguém pode se salvar sozinho.
"E o que a série está gerando é justamente isso: uma busca coletiva", destaca. "O que está acontecendo com a série é esperançoso e nos faz acreditar que é possível que isso nos ajude a
encontrar o próximo desses 300 netos que ainda estamos procurando, esses bebês roubados durante a ditadura, entre os quais, aliás, estão os dois pertencentes à família Oesterheld",
compartilha Gonçalves Granada, na mesma linha. Autor: Maricel Drazer
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