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O português acusado do atropelamento que resultou na morte de quatro pessoas num casamento, em Torrejón de Ardoz, nos arredores de Madrid, Espanha, voltou a reiterar, esta quinta-feira, que
os convidados “queriam matar” os seus filhos e sobrinhos, tendo acelerado o veículo que conduzia por “medo”. Micael da Silva Montoya, mais conhecido como 'El Portugués', disse
diante do Tribunal Superior de Madrid que foi tomado pelo medo e tentou fugir dos convidados que, segundo alegou, o perseguiam. "Queriam matar os meus filhos, os meus sobrinhos.
[Gritavam], ‘Portugueses, vamos matar-vos, caguei nos vossos mortos, vamos matar-vos’", disse, citado pela Telecinco. O homem assegurou que buzinou para que as vítimas se afastassem,
tendo dado conta de que estava agachado no momento do atropelamento, porque ouvia “pancadas e tiros”. "Se quisesse, teria começado a acelerar muito mais cedo", disse, rejeitando
ter tido intenção de pisar o acelerador. O arguido disse ainda desconhecer ter atropelado várias pessoas, apesar de ter reconhecido que o vidro do seu para-choques ficou partido. "Em
nenhum momento me parece que tenha atropelado alguém", afirmou. O homem detalhou que fugiu do restaurante El Rancho de Torrejón para escapar a agressões contra si e o seu filho. Disse,
ainda, ter visto um dos convidados com uma arma de fogo, e garantiu que um outro veículo tentou bloquear-lhe a marcha. “Que pai é que não salva os seus filhos quando estão a tentar
matá-los?”, questionou. Recorde-se que Micael da Silva Montoya enfrenta uma pena de 226 anos de prisão, a pedido da acusação, por quatro crimes de homicídio e nove de tentativa de homicídio,
cometidos a 6 de novembro de 2022. As acusações particulares - das famílias das vítimas mortais - pedem que o português seja condenado a prisão permanente revalidada periodicamente, uma
pena prevista no Código Penal espanhol que pode traduzir-se, na prática, numa prisão perpétua. O homem, que não tinha sido convidado, apareceu na festa de um casamento com dois filhos e dois
sobrinhos, tendo um destes menores protagonizado um incidente dentro do restaurante, pelo que o grupo foi convidado a abandonar o local, já na madrugada daquele dia. A discussão no interior
do restaurante continuou fora do espaço e, segundo o Ministério Público, o acusado dirigiu-se ao carro que tinha estacionado nas imediações e "acelerou o motor sabendo da presença das
pessoas ali concentradas". "Com total vontade de causar-lhes a morte ou assumindo a possibilidade de que isso acontecesse, atropelou várias delas", lê-se no documento. "O
acusado dirigiu o veículo" para as vítimas "sem lhes dar a oportunidade de se afastarem", acrescentou o Ministério Público. O arguido fugiu do local após o atropelamento, mas
foi detido horas mais tarde e está em prisão preventiva desde então. Os dois filhos, que tinham então 16 e 17 anos e iam com o acusado no carro quando fugiu, foram entregues à mãe pelas
autoridades. No atropelamento morreram uma mulher de 66 anos, dois homens de 68 e 37 e um menor, de 17 anos, todos espanhóis. Leia Também: Português matou quatro pessoas em Espanha. "Os
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