Irão ameaça retaliar aproveitamento político europeu de relatório da aiea

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O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, falou hoje por telefone com o diretor da AIEA na sequência das notícias sobre o relatório e reafirmou a Rafael Grossi a


"cooperação contínua" do Irão. "O Irão responderá a qualquer ação inadequada dos países europeus", disse Araghchi a Grossi, segundo a agência de notícias France-Presse


(AFP). Araghchi pediu a Grossi que garantisse "que certas partes não explorassem a agência para agendas políticas contra o povo iraniano". No relatório, a que a agência noticiosa


norte-americana Associated Press (AP) teve acesso no sábado, a AIEA afirma que o Irão é agora "o único Estado não detentor de armas nucleares" a produzir urânio a níveis próximos


do usado para armamento. Os países europeus poderão tomar novas medidas contra o Irão com base no relatório exaustivo, o que poderá conduzir a um agravamento das tensões entre o Irão e o


Ocidente. A França, o Reino Unido e a Alemanha, juntamente com a Rússia e a China, são membros de um acordo para supervisionar o programa nuclear do Irão, assinado com a República Islâmica


em 2015. Os Estados Unidos retiraram-se unilateralmente do acordo três anos depois, durante o primeiro mandato de Donald Trump (2017-2021). A AIEA vai reunir o Conselho de Governadores de 09


a 13 de junho, em Viena (Áustria), uma reunião trimestral em que serão analisadas as atividades nucleares do Irão. Nas últimas semanas, Paris, Londres e Berlim ameaçaram acionar um


mecanismo previsto no acordo de 2015 que permite reimpor as sanções da ONU se o Irão não cumprir os compromissos. De acordo com o relatório da AIEA, a quantidade total de urânio enriquecido


do Irão excede agora em 45 vezes o limite autorizado pelo acordo de 2015, atingindo 9.247,6 quilogramas. A agência nuclear da ONU regista um claro aumento do urânio enriquecido a 60%, um


limiar que se aproxima dos 90% necessários para fabricar uma arma nuclear, de acordo com o relatório também consultado pela AFP. O relatório surge no momento em que Washington e Teerão


mantêm conversações há várias semanas, numa tentativa de chegar a um novo acordo. O Irão afirmou no sábado ter recebido elementos de uma proposta dos Estados Unidos após cinco rondas de


negociações mediadas por Omã, e Abbas Araghchi disse nas redes sociais que iria responder de forma adequada. A proposta apela ao Irão para que cesse todo o enriquecimento de urânio e propõe


a criação de um grupo regional para a produção de energia nuclear, segundo a imprensa norte-americana. O grupo regional incluiria o Irão, a Arábia Saudita e outros Estados árabes, bem como


os Estados Unidos. Nem o Irão nem os Estados Unidos comentaram as notícias sobre a proposta. Os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, e Israel, inimigo declarado do Irão e


considerado pelos especialistas como a única potência nuclear do Médio Oriente, suspeitam que Teerão pretende adquirir armas nucleares. O Irão nega ter tais ambições militares, mas insiste


ter direito à energia nuclear civil, nomeadamente para fins energéticos, ao abrigo do Tratado de Não Proliferação (TNP) de que é signatário. O Irão é o único país sem armas nucleares a


enriquecer urânio a um nível elevado, muito acima do limite de 3,67% estabelecido pelo acordo de 2015, de acordo com a AIEA. Leia Também: AIEA diz que não pode confirmar se programa nuclear


iraniano é pacífico