Linguista e escritor fernando venâncio morre aos 80 anos

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Fernando Venâncio, que publicou ensaio, crónica e ficção, esteve ligado a vários projetos culturais, literários e de ensino de Língua Portuguesa e em 2020 foi distinguido com o Prémio de


Ensaio Jacinto do Prado Coelho pela obra 'Assim nasceu uma língua - Sobre as origens do português'. Nascido em Mértola em 1944, Fernando Venâncio formou-se em Linguística nos


Países Baixos, onde viveu e trabalhou, desenvolvendo estudos históricos sobre a língua portuguesa. Naquele país, deu aulas e ocupou cargos diretivos em universidades de Amesterdão, Roterdão


e Haia, como refere uma biografia da Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas. Além de ter publicado crítica literária com regularidade na imprensa portuguesa, Fernando Venâncio também


traduziu do neerlandês a obra de vários escritores, como Gerrit Komrij e René Huigen, e escreveu livros didáticos para o ensino do Português a estrangeiros. 'Assim nasceu uma


língua', no qual Fernando Venâncio desmonta mitos e histórias sobre a formação e evolução da língua portuguesa, aproximando-a do galego, saiu em Portugal em 2019 e foi publicado em 2024


no Brasil. Por ocasião da publicação deste livro no Brasil, Fernando Venâncio afirmava, em entrevista à revista brasileira Veja, que a língua portuguesa tem facilidade em adaptar-se à


mudança dos tempos: "Isto permite prever que brasileiros, africanos e portugueses continuarão a dispor dum idioma rico e dúctil, sem receio das variedades e mesmo das diferenças".


'O português à descoberta do brasileiro', 'Os esquemas de Fradique', 'Beijo técnico e outras histórias', 'Último minuete em Lisboa', 'Quem


inventou Marrocos - Diários de Viagem' e 'Objectos Achados' são outros títulos publicados por Fernando Venâncio. O editor Manuel S. Fonseca, que publicou na Guerra & Paz


várias obras, entre as quais 'Assim nasceu uma língua', lamentou hoje a morte de Fernando Venâncio, lembrando, em comunicado, "a amizade autêntica, a extrema confiança, a


empatia em circuito aberto". "Não voltarei a ouvir-lhe a voz cheia de entusiasmo, o riso, o tão bom humor, o seu gosto por uma piada mais ácida aos pequenos disparates do mundo ou


ao grande circo da pretensão, pompa e circunstância", afirmou o editor. [Notícia atualizada às 16h33] Leia Também: Angola com mais de 700 mortes por cólera desde início da epidemia