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À medida que a pandemia do coronavírus se disseminou pelo mundo, espalhou-se também o esforço de pesquisadores para entender melhor o vírus, como ele é transmitido e o que pode ser feito
para prevenir a infecção e tratar os pacientes que contraíram a doença decorrente dele, a Covid-19. Pesquisadores tentam identificar remédios para conter o coronavírus – Foto: Sumaia
Villela/Agência Brasil/Divulgação/ND Repositórios de instituições do Brasil e do exterior trazem diversos estudos, como o site da Organização Mundial da Saúde (OMS) que reúne pesquisas sobre
o tema, ou de periódicos famosos, como a revista Science, que também criou uma seção específica para divulgar investigações voltadas à pandemia LEIA TAMBÉM: Algumas universidades ganharam
relevância mundial com o monitoramento do avanço da pandemia, como a Johns Hopkins, dos Estados Unidos. No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), centro de pesquisa vinculado ao
Ministério da Saúde, não só sistematiza informações como vem promovendo diversos estudos sobre o vírus. ANTICORPOS Assim, vários cientistas se dedicaram a tentar entender melhor o
coronavírus, por se tratar de uma nova modalidade. Ainda em fevereiro, pesquisadoras da Universidade de São Paulo (USP) conseguiram sequenciar o gene em apenas 48 horas. Um equipamento menor
que um celular foi conectado a um computador por cabo USB. Dessa forma, a amostra foi lida por poros em escala nanométrica, ou seja, um milímetro dividido por milhão. As informações então
foram analisadas por um software que decodifica os dados, traduzindo a estrutura do vírus. Outra frente de pesquisa sobre o novo coronavírus busca identificar a letalidade da doença
decorrente dela, a Covid-19. Um dos métodos envolve testar pessoas para verificar o percentual que desenvolveu anticorpos e, assim, calcular o montante que teria tido contato real com o
vírus. Pesquisa conduzida pela Universidade de Bonn, na Alemanha, divulgada em 9 de abril, encontrou o anticorpo em 14% da amostra, estimando um índice de letalidade de 0,37%. Para comparar,
a taxa de mortes por influenza é de 0,1%. O estudo, contudo, foi contestado por outros grupos de pesquisadores. Outra investigação, do Hospital Geral de Massachussets, na cidade de Boston,
nos Estados Unidos, identificou anticorpos em 31% da amostra. Contudo, os pesquisadores admitiram que a sorologia tinha 90% de efetividade e os participantes foram recolhidos na rua, o que
pode relativizar os resultados. No Brasil, o Centro Epidemiológico da Universidade de Pelotas (UFPel), em parceria com o Ministério da Saúde, iniciou uma investigação também baseada no grau
de imunização para mapear o avanço da pandemia no país. Cerca de 33 mil pessoas, de 133 municípios brasileiros, serão submetidas ao teste rápido que detecta a presença de anticorpos IgM (de
infecção mais recente) e IgC (de infecção mais antiga) a partir de amostras de sangue coletadas. De acordo com o ministério, o trabalho deve esclarecer três questões sobre o vírus no
Brasil: o número de infectados, a velocidade com que o vírus tem se espalhado e a taxa de letalidade da Covid-19 na região. DIAGNÓSTICO E PREVENÇÃO O Ministério da Saúde reuniu informações
sobre evidências de estudos em um documento denominado “Diretrizes para Diagnóstico e Tratamento da Covid-19”, que reúne as análises sobre a pandemia e seu combate, consideradas referências
para o órgão. Assim, no que se refere a medidas de prevenção, o texto reafirma recomendações já conhecidas, como lavar as mãos com desinfetante e álcool 70%, praticar etiqueta respiratória
(como cobrir espirros) e evitar contato com outras pessoas, como medidas gerais de prevenção. O documento também recoloca a indicação de procurar atendimento médico se a pessoa apresentar
sintomas como febre, tosse e dificuldade de respirar. DIAGNÓSTICO Sobre diagnóstico, outra frente tem sido o desenvolvimento de testes que possam ser mais baratos e rápido do que os
disponíveis. Um exemplo é a investigação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Teranóstica e Nanobiotecnologia (INCT TeraNano), sediado na Universidade Federal de Uberlândia (MG),
que desenvolveu uma solução para testagem rápida de casos de Covid-19 usando tecnologia que pode apresentar o resultado em 1 minuto. Dessa maneira, a expectativa dos pesquisadores é que
essa solução fique pronta até o início de maio. Ela utiliza laser para decompor a saliva em grupos químicos. A análise é processada por meio de um sistema de inteligência artificial,
fornecendo resultado rápido. Os testes rápidos utilizados no Brasil levam cerca de 30 minutos para dar o diagnóstico. TRATAMENTOS Assim, até a última atualização, a OMS tinha 614 estudos
registrados. A organização disponibiliza uma plataforma interativa na qual qualquer interessado pode conhecer as pesquisas por país ou tipo de droga avaliada. O maior deles é a “Solidarity
Clinic Trial”. Nela, são avaliadas quatro opções de tratamento contra a Covid para avaliar se as drogas analisadas contribuem para mitigar a evolução da enfermidade ou ampliar as condições
de sobrevivência. A orientação da OMS é que até a existência de evidências, associações médicas e autoridades devem então ter cuidado ao recomendar algum desses tratamentos. Dessa forma são
avaliadas na pesquisas quatro remédios. Remdesevir é um droga utilizada no tratamento do vírus ebola. Ele já teve resultados promissores com outros tipos de vírus que causam Síndrome
Respiratória Aguda Grave (SRAG). O Lopinavir é empregado então no tratamento do vírus da aids. Até o momento, os estudos com ele foram inconclusivos. O interferon beta-1ª é um medicamento
adotado para tratar esclerose múltipla. Por fim, o medicamento que ganhou notoriedade no Brasil, a cloroquina, também é analisada pela pesquisa. Segundo a OMS, possíveis benefícios ainda
demandam confirmações por novos testes. Na plataforma da OMS eram registradas, na última semana, 17 pesquisas envolvendo o Brasil. Dessas, 13 são realizadas somente no país e quatro são
pesquisas internacionais, que abrangem outras nações. Uma delas é a Solidarity Clinic Trial, da OMS. A Fiocruz é a responsável pela representação da iniciativa aqui. CLOROQUINA A cloroquina
então também ganhou visibilidade. Pesquisadores da Fundação de Medicina Tropical e da Universidade Estadual do Amazonas iniciaram um estudo para analisar a eficácia da aplicação do produto
no tratamento da Covid-19. Os resultados preliminares apontaram riscos à vida dos pacientes que receberam altas doses da substância. Os pesquisadores analisam o emprego de cloroquina em 81
pacientes em estado grave. A investigação envolveu a identificação das doses mais adequadas. No estudo, os pesquisadores viram que a aplicação de doses mais altas (600 miligramas), duas
vezes ao dia por dez dias, teve efeito agressivo e gerou efeitos colaterais, como arritmia cardíaca ou até mesmo a morte. Outro estudo, realizado por sete pesquisadores da Universidade de
Virgínia, nos Estados Unidos, avaliou 386 pacientes e concluiu que as taxas de morte de pacientes que receberam a cloroquina e essa substância combinada com azitromicina foram maiores do que
para os que não receberam. OUTRAS DROGAS O Centro de Pesquisa em Energias e Materiais (CNPEM), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, iniciou uma pesquisa
para avaliar mais de 2 mil medicamentos para verificar a eficácia contra a Covid-19, todos eles já registrados no Brasil. Dessa forma, são analisadas substâncias diversas, como analgésicos,
antibióticos ou anti-hipertensivos. Em resultados preliminares, dois tratamentos revelaram resultados promissores. Contudo, o CNPEM não revelou os nomes para evitar automedicação, como
ocorre no caso da cloroquina. INVESTIGAÇÃO E EFICÁCIA Dessa forma, uma investigação da Fiocruz, divulgada no dia 6 de abril na plataforma internacional BiorXiv, avaliou a eficácia do
atanazavir, utilizado para o tratamento de portadores do vírus da aids. Segundo resultados preliminares, a aplicação do remédio reduziu o ritmo de reprodução do vírus e ajudou a dificultar o
avanço da doença. “A análise de fármacos já aprovados para outros usos é a estratégia mais rápida que a ciência pode fornecer para ajudar no combate à covid-19, juntamente com a adoção dos
protocolos de distanciamento social já em curso”, defende Thiago Moreno, pesquisador da Fiocruz.