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O escritor Olavo de Carvalho disse nessa quarta-feira (3/4) que o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz, “não sabe de onde veio nem para onde vai”. Em entrevista
por escrito para a reportagem, o intelectual também chamou o general de invejoso e disse que defendeu a nomeação do empresário Fábio Wajngarten para o lugar de Floriano Amorim no comando da
Secretaria de Comunicação (Secom) porque “amadores ineptos” como Santos Cruz só têm “bloqueado” o contato do presidente Jair Bolsonaro com o povo. Ao ser questionado pela reportagem sobre os
motivos das sucessivas críticas ao general nas redes sociais, o escritor negou que haja uma “disputa de grupos” dentro do governo. “Elogiei o Santos Cruz e dois dias depois ele apareceu me
xingando sem nenhum motivo razoável”, respondeu Olavo, em referência a uma entrevista à Folha, na qual o ministro o chamava de desequilibrado. “Pior: ele confessava nada saber nem desejar
saber da minha obra, o que o caracteriza como um palpiteiro leviano não inspirado por quaisquer motivações filosóficas ou ideológicas, mas apenas pela invejinha pueril.” > Em mais um
capítulo do confronto, o escritor disse que Santos Cruz, > chamado por ele de “esse sujeito”, não sabe nada da luta de > três décadas que “abriu um rombo na hegemonia esquerdista” e
> permitiu a ascensão do governo Bolsonaro, “no qual ele agora > exerce um cargo bem-remunerado”. E continuou: “Diga-me: que fez > o Santos Cruz contra a hegemonia comunopetista?
Nada. Nada, nunca. > Ele ganhou seu emprego por meio de uma luta à qual não deu a menor > contribuição. Esse homem não sabe de onde veio nem para onde > vai”, afirmou. LEIA TAMBÉM
Na edição dessa quarta, a reportagem mostrou que militares e o grupo de apoiadores de Olavo travam uma disputa pelo controle da Secom e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e
Investimentos (Apex). O embate também ocorre no Ministério da Educação, onde o titular da pasta, Ricardo Vélez Rodríguez, está por um fio. A uma pergunta sobre o motivo de defender a troca
no comando da Secom, pasta subordinada a Santos Cruz, o escritor retomou a ofensiva contra o general. “Apoiei o Fabio Wajngarten, a quem nem conheço pessoalmente, por ser um grande
profissional de mídia que pode reabrir o contato entre o presidente e o povo que o elegeu, contato que amadores ineptos como Santos Cruz, até agora, só têm bloqueado”, disparou. Guru de
Bolsonaro, Olavo disse que o fato de o presidente “louvá-lo” num jantar em Washington, no mês passado, também deixou Santos Cruz “inconformado”. “Isso não é uma divergência ideológica nem
uma disputa de grupos, pois o tal “grupo olavista” só existe na imaginação da mídia, sendo constituído exclusivamente de pessoas às quais meu único conselho foi que saíssem do governo e
voltassem aos estudos”, argumentou. > As novas críticas de Olavo foram uma reação a declarações do > ministro, que, na semana passada, saiu em defesa do núcleo militar > do governo,
hostilizado pelo escritor no Twitter. Em entrevista ao > jornalista Roberto D’Ávila, na GloboNews, Santos Cruz chegou a > classificar o intelectual como “personalidade histérica” e
> disse que as mídias digitais precisam ser usadas com cautela > porque, caso contrário, “qualquer um pega aquilo e se acha um > William Shakespeare”. Para a reportagem, o escritor
reiterou que Santos Cruz cometeu uma “idiotice” ao mostrar incômodo com os elogios de Bolsonaro a ele e, com essa atitude, ofendeu de maneira “brutal” o presidente. Para Olavo, Bolsonaro foi
tratado como “um jovem desmiolado, incapaz de escolher seus amigos sem os conselhos do sapientíssimo Titio Santos Cruz”. Na sua avaliação, o “mais grave” é o fato de o general não ter lido
e nem mostrado interesse em conhecer a sua obra.