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Que aventura tem sido esses 2 últimos anos desde que eu resolvi abandonar uma carreira internacional para voltar ao meu país natal e criar a PROSPERA SAMBA. E sim, pasmem com a minha
imodéstia, eu sentia que colocando à disposição do maior show da terra minha experiência corporativa eu iria mudar a face da indústria do carnaval carioca. Ledo engano! Chegado o fim do
carnaval 2020, trago essa discussão tão em voga atualmente: a crise do carnaval carioca. E minha tese é que essa crise não é somente uma consequência direta da crise econômica do país ou da
diminuição de verbas. É preciso analisar o fenômeno com um olhar mais amplo. O Brasil vive um momento de transformação. Um momento onde colocamos à prova a nossa própria identidade nacional
e questionamos antigos valores pétreos do “ser brasileiro”. Aqui, eu vou me concentrar em dois destes questionamentos que afetam diretamente o espetáculo: 1- O SAMBA AINDA É A MÚSICA DO
BRASIL? Nos últimos anos, o cenário musical brasileiro assistiu ao apogeu de gêneros que se tornaram infinitamente mais populares que o Samba, principalmente junto à população mais jovem.
Nos anos 90 vieram o Pagode e o Axé. Mais recentemente o Sertanejo em sua versão universitária. Todos gêneros musicais igualmente nacionais que souberam rapidamente conquistar multidões por
todo o país e fazer com que o Samba passasse para segundo plano no cenário musical e cultural brasileiro. O declínio exponencial do interesse do público pelo Samba é flagrante e pode ser
facilmente comprovado pelo pouco espaço midiático, pela escassez de jovens cantores, pela pouca oferta de festivais e shows do gênero e, finalmente, pelo desinteresse do país por uma de suas
mais famosas manifestações culturais: o desfile das Escolas de Samba. 2- O RIO DE JANEIRO AINDA É A VITRINE DO BRASIL? A marca “Rio de Janeiro”, sempre tão prestigiada tanto nacional quanto
internacionalmente, conheceu o apogeu com o advento recente de grandes eventos internacionais. No entanto, o descaso da administração pública com signos tão fortes da vida do carioca e uma
visão demasiado simplista produz efeitos nefastos à cidade em médio/ longo prazo. O declínio da marca ainda é algo que não podemos mensurar exatamente pois estamos vivenciando esse fenômeno
na pele a cada dia, porém ele tem e terá cada vez mais um efeito negativo sobre uma das manifestações mais genuinamente cariocas- o Desfile das Escolas de Samba. CONCLUINDO… Limitar a crise
do carnaval a causas econômicas é uma simplificação perigosa. O Samba precisa lutar contra o desamor do público e contra o desinteresse por suas manifestações. E para isso, será necessário
um trabalho de reposicionamento onde primeiro temos que entender como a crise política e moral que assola nosso país nos faz renegar antigas paixões incontestáveis. O fato é que as Escolas
de Samba têm que se reinventar. Elas têm diante de si a árdua missão de criar novos modelos financeiros para perpetuar a festa como espetáculo e continuar a existir e ao mesmo tempo de fazer
renascer o Samba no imaginário nacional. QUAL A MINHA VISÃO PARA UM FUTURO SUSTENTÁVEL DESSA INDÚSTRIA? AGREGAR E DIVERSIFICAR PARA PROSPERAR (O SAMBA DOMINADO O MUNDO)! Através de um
trabalho certeiro de reposicionamento, o Samba deixaria de ser um gênero musical esquecido para se tornar um movimento cultural contemporâneo, criativo e moderno. Ele tem que aprender a
falar a linguagem dos _Millenials_ e dos _Centennials_. Ele pode adquirir um caráter mais divertido, mais federativo e mais popular. Ele deve se mesclar e aprender que a união faz a força,
incentivando e festejando a chegada de novos embaixadores. Ele precisa ir aonde as pessoas estão (o que definitivamente não é no Sambódromo). Urge que as Escolas de Samba (maiores
embaixadoras do gênero) saiam de suas bolhas e invistam em estratégias comerciais e de marketing para se reaproximar do seu público e partir à conquista de neo-sambistas. O SAMBA SE
MODERNIZA, SE DIVERSIFICA, AGREGA E PROSPERA!