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O sistema de inteligência do governo Donald Trump é sem sombra de dúvidas o mais eficaz do mundo. Consegue descobrir até mesmo atentados e massacres que jamais ocorreram – em território
americano ou fora dele. A primeira prova dessa capacidade inédita de revelar crimes desconhecidos veio de uma das principais assessoras de Trump, Kellyane Conway. Para justificar a proibição
de que pessoas de sete países muçulmanos entrassem nos Estados Unidos ela mencionou o massacre de Bowling Green. Kellyane disse que o fato de dois refugiados iraquianos serem os mentores do
massacre devia ser uma novidade para muitos americanos porque isso “não recebeu muita cobertura”. Evidente que não recebeu cobertura. O massacre nunca aconteceu. Mas agora foi o próprio
presidente quem se saiu com a descoberta de um atentado (ou um crime? Ou um massacre? Seria uma bomba?) fora do território americano. Trump descobriu um problema na Suécia e o revelou ao
mundo. Falando sobre imigração, Trump disse neste sábado que era preciso ver o que tinha acontecido na Suécia na noite anterior. E o que tinha acontecido? Pois é. Ninguém sabe. Nem os
suecos. Aliás, os próprios suecos, espantados com as informações que aparentemente apenas Trump tem sobre a vida em Estocolmo (seria lá o que aconteceu?) pediram para ser esclarecidos sobre
o que se passa na terra deles. Queriam saber quem tinha morrido para poder chorar suas perdas. Trump disse via Twitter que estava se referindo a algo que viu na Fox News (na novilíngua
americana, o oposto de “Fake News”). Aparentemente uma reportagem sobre imigração. Que não mencionava nada sobre sexta à noite. Não é à toa que Trump declarou por esses dias com todas as
letras que a imprensa de seu país não é apenas inimiga dele: é inimiga do povo americano. Pois se os jornais e as tevês que ele citou (entre eles o New York Times e a CNN) não cobrem os
eventos imaginários que pautam suas decisões políticas, só podem estar trabalhando contra ele – e, por extensão, contra os americanos. Trump é um mentiroso compulsivo. E como todo mentiroso,
não gosta que mostrem que o que ele diz é uma fraude. Por isso o ódio à imprensa, que insiste em mostrar que não houve um massacre de Bowling Green e que não houve tumultos em Estocolmo
numa noite que conviria ao seu discurso alucinado. É famosa a citação de Thomas Jefferson de que, tivesse que escolher, preferia acabar com os governos e manter os jornais. Triste ver um
governo agora que ataca a imprensa democrática americana deste modo. Mas Trump deve estar encomendando a um assessor uma nova citação de Jefferson sobre o tema. Será achada talvez em Oslo.
Estará em breve no Twitter. E ai de quem duvidar dela – será automaticamente declarado inimigo do povo americano. Siga o blog no Twitter. Curta a página do Caixa Zero no Facebook.