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Veja também O senador Osmar Dias (PDT) rebateu ontem, em sabatina realizada pela Gazeta do Povo, a crítica do adversário Beto Richa (PSDB) de que o pedetista não tem ética, feita no dia
anterior pelo tucano no encontro promovido pelo jornal. Disse que o adversário mudou de comportamento. "Parece que o bom moço do começo da campanha derreteu", disse. Para o
senador, antiético é quem não mantém a palavra um ataque ao fato de o tucano ter abandonado o mandato de prefeito de Curitiba para concorrer ao governo, apesar de ter prometido ficar
quatro anos na prefeitura. Como proposta para aumentar o volume de investimentos no estado, Osmar prometeu renegociar a dívida contraída com a União para sanear o Banestado. "Sou o
melhor candidato para negociar com o Tesouro Nacional." Sobre o apoio de Lula, disse que o presidente passou a ouvi-lo mais ao longo do segundo mandato. E que, por isso, mudou sua ideia
sobre o governo petista: em 2006, o pedetista chegou a dizer que o governo Lula era o pior da história para os agricultores. O candidato falou ainda em contratar mais 1,7 mil policiais
militares por ano e afirmou que vai excluir o programa Leite das Crianças e os gastos com saneamento dos 12% da receita que o estado precisa, por lei, investir em saúde. Durante sabatina
[publicada ontem], o ex-prefeito Beto Richa contou detalhes de como teria se dado a negociação pré-eleitoral com o senhor. Disse, entre outras coisas, que se sentiu traído e usado pelo
senhor, que teria esboçado integrar a chapa tucana como candidato ao Senado mas, no último instante, resolveu concorrer ao governo por outra aliança. Disse também que a sua candidatura faria
parte de um "pacote" negociado pelo ministro [do Trabalho] Carlos Lupi, presidente do PDT, com o presidente Lula. E afirmou também que o que o diferencia do senhor é a questão
ética. COMO AVALIA ESSAS CRÍTICAS? _A única coisa em que eu concordo com ele é que a gente se diferencia muito mesmo na ética, especialmente no conceito. Até os radares de Curitiba sabem
quanto o Lula insistiu para que eu fosse candidato. É uma aliança que eu construí. Sempre disse que, se tivesse uma aliança, seria candidato. E também todos os radares nem todos os radares
de Curitiba captaram que o prefeito falou muitas vezes para mim que havia sido eleito para ficar quatro anos. Então, quem traiu quem?_ DE ACORDO COM RICHA, O SENHOR FOI À CASA DO PREFEITO
CELSO SILVA [DE BANDEIRANTES] E DISSE QUE NÃO SAIRIA CANDIDATO AO GOVERNO DE JEITO NENHUM. TERIA PEDIDO, INCLUSIVE, PARA ELE RESERVAR A VAGA DE CANDIDATO AO SENADO. _A reunião houve. O
Celso Silva é meu amigo. Mas não significa que eu fui lá para dizer ao prefeito que não seria candidato. Antes da carta-consulta ao diretório do PDT [para avaliar a opção de Osmar integrar a
chapa tucana como candidato ao Senado], houve uma carta do PSDB propondo a aliança com o PDT. Recebendo essa carta, eu fiz uma consulta ao partido, que me respondeu claramente: "A
aliança só será possível se o PDT for cabeça de chapa, como havia sido acordado nas eleições de 2008"._ O CANDIDATO BETO RICHA, PORÉM, NEGA A EXISTÊNCIA DE QUALQUER ACORDO PARA
APOIÁ-LO NESTA ELEIÇÃO. _Até os radares sabem desse acordo. Não quero mais falar disso. Tenho muito pouco tempo até o dia 3 [de outubro, data da eleição] para discutir as propostas para o
Paraná. Esse bate-boca não me interessa. Aliás, cadê a aura de bom moço [de Richa]? Acabou? Aquele bom moço que foi fabricado derreteu?_ HÁ ACUSAÇÕES GRAVES [FEITAS POR RICHA], COMO A QUE
AFIRMA QUE O SENHOR INTEGROU UM "PACOTE" NEGOCIADO PELO MINISTRO CARLOS LUPI. É VERDADE? _É uma temeridade uma pessoa dessa [Richa] ser candidato ao governo, quanto mais ganhar a
eleição. Não é possível. Vamos falar sobre o futuro do Paraná. Falar dessa inconsequência de uma pessoa que se mostra muito imatura é perda de tempo._ O SENHOR SE ARREPENDE DE TER APOIADO O
BETO RICHA NA ELEIÇÃO PARA A PREFEITURA DE CURITIBA [EM 2004] E NA REELEIÇÃO [2008]? _Na primeira, não, porque ele cumpriu o mandato. Na segunda, sim, porque não cumpriu o compromisso de
ficar os quatro anos._ VOLTANDO ÀS CRÍTICAS DO SEU ADVERSÁRIO. NA SEGUNDA-FEIRA, RICHA USOU TERMOS COMO "MILHÕES DE RAZÕES", "PACOTE DO LUPI". O SENHOR PODE EXPLICAR
MELHOR? _Pergunta para ele. São milhões de razões que me levaram a sair candidato. São 100 mil casas que eu quero construir; 550 mil famílias que vão receber o Bolsa Família, que quero
defender. São 235 mil famílias que vão continuar com o Luz Fraterna [programa da Copel que concede isenção da tarifa de energia para pessoas com baixa renda]. Li outro dia na própria Gazeta
que discutir o Banestado é discutir o passado [entrevista do ex-ministro Reinhold Stephanes]. Quero discutir o Banestado. Discutir o Banestado é discutir o passado, o presente e o futuro
até 2029, no mínimo. Porque R$ 800 milhões deixam de ser investidos no Paraná por causa da venda do banco do estado. Esses R$ 800 milhões [da dívida que o estado tem devido ao saneamento do
banco] são as razões que me fizeram ser candidato. Para que o Paraná não seja entregue a quem causou esse rombo._ O SENHOR DECLAROU EM 2006, NO SENADO, QUE O GOVERNO LULA "ERA O PIOR
QUE A AGRICULTURA BRASILEIRA JÁ TEVE". AGORA, LULA É SEU CABO ELEITORAL E O SENHOR DIZ QUE É O MELHOR GOVERNO DA HISTÓRIA. COMO EXPLICAR ESSA MUDANÇA? _Mudou porque o presidente Lula
passou a aplicar dinheiro na agricultura familiar, de R$ 2 bilhões para R$ 16 bilhões [em investimentos]. Mudou porque ele aceitou a minha proposta para a criação do fundo de catástrofes,
que é o seguro rural. Mudou porque ele abriu, a partir daí, linhas de crédito. O Lula mudou completamente a visão sobre a agricultura, e posso dizer que tenho muito a ver com isso. Depois
dessa crítica [de 2006], fui convidado para conversar com o Lula. Conversamos muito sobre agricultura._ O SENHOR, PORÉM, FOI CONTRA A ENTRADA DO PDT NA BASE ALIADA, EM 2007. _Fui contra
exatamente porque eu não concordava com o primeiro governo do Lula em relação à agricultura. No segundo governo, ele mudou completamente. Eu nunca deixei de criticar o governo Lula.
Recentemente votei contra o fator previdenciário [proposta do governo para aumentar o tempo de contribuição dos aposentados]._ DURANTE A CRISE DAS PASSAGENS AÉREAS NO SENADO, O SENHOR FOI
ACUSADO DE UTILIZAR BILHETES [PAGOS COM DINHEIRO PÚBLICO] EM BENEFÍCIO DA SUA FAMÍLIA. NA ÉPOCA, O SENHOR FALOU QUE ISSO ERA PERMITIDO PELAS REGRAS. MAS HOUVE UM QUESTIONAMENTO SOBRE A ÉTICA
DISSO. O SENHOR NÃO SE ARREPENDE? _Foi uma passagem que foi usada durante os 16 anos que estou lá [no Senado]. E, na época, os recursos liberados para o pagamento de passagens dos
parlamentares pertenciam ao parlamentar. Era parte de um título chamado remuneração. Portanto, era lícito. Até o momento em que nós mesmos colocamos na lei, e eu era um dos cinco líderes que
trabalharam nisso, e pedimos para que a mesa diretora do Senado estabelecesse uma regra clara separando a despesa com passagem da remuneração, para que não houvesse confusão. Portanto,
aquilo que foi feito era perfeitamente lícito, ético._ ENTÃO, SE O SENHOR PEDIU PARA MUDAR, É PORQUE NÃO CONCORDAVA MUITO COM ISSO? _Era para ficar claro. Não que houvesse irregularidade._ O
SENHOR CONSIDERA NORMAL OS PARLAMENTARES QUE ESTÃO EM CAMPANHA CONTINUAREM A RECEBER OS SALÁRIOS DO CONGRESSO? _O regimento do Congresso diz que o parlamentar tem 60 dias de dispensas do
Senado no período anterior às eleições. A campanha é um exercício do mandato._ CADA PARLAMENTAR TEM TODA UMA EQUIPE DE ASSESSORES NO SENADO. NÃO HÁ UM RISCO GRANDE DE USÁ-LOS NA CAMPANHA?
_No meu caso, todos os meus assessores tiraram férias e estão de férias. No momento em que acabarem as férias, voltam para o Senado ou serão exonerados dos cargos._ NA COPEL, O SENHOR
PRETENDE COLOCAR UM NOME TÉCNICO PARA DIRIGIR A EMPRESA? _Em todos os órgãos de governo... Isso não significa que a gente não possa ter um político que tenha um perfil técnico. Mas a gente
precisa priorizar a eficiência._ SOBRE A COPA DO MUNDO. ONTEM [SEGUNDA-FEIRA], FOI FECHADO O ACORDO PARA A CONCLUSÃO DA ARENA. UMA TRIANGULAÇÃO ENTRE A PREFEITURA, O GOVERNO E O ATLÉTICO.
QUAL É A SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ACORDO, JÁ QUE ELE ENVOLVE O GOVERNO DO ESTADO? _Eu penso assim: dinheiro público é para obra pública. Dinheiro público não pode ajudar a construir obras
privadas. O BNDES tem uma linha de crédito para todos os estados, para todos os clubes de futebol que quiserem investir nos seus estádios para ser sede da Copa. Eu sou a favor de que o BNDES
participe deste esforço. Agora, o governo do estado pode participar. Como? Fazendo as obras de infraestrutura para apoiar o acesso [ao estádio], para apoiar a mobilidade [urbana]._ O
ORÇAMENTO DO ESTADO PARA INVESTIMENTO É DE R$ 1,2 BILHÃO, O QUE NÃO DÁ PARA FAZER TUDO O QUE É NECESSÁRIO. DE ONDE O SENHOR PRETENDE TIRAR O DINHEIRO PARA OBRAS? _Primeiro, nós vamos ter um
crescimento da arrecadação em função da economia, que esse ano deve ser de 6,5% ou 7%. Esse ganho em relação à receita vai repercutir positivamente na capacidade de investimento. Mas onde
está o maior problema da capacidade de investimento do estado? Está na dívida [deixada pela privatização] do Banestado. Então, se a gente não negociar essa dívida, fica difícil falar em
cortes de gastos. Essa dívida come metade da capacidade de investimento do estado. Hoje, o que o estado paga para o Tesouro já está em R$ 70 milhões mensais. Essa dívida tem de ser
renegociada, principalmente porque não é justo continuar pagando uma dívida corrigida por IGP-DI mais 3%. Tem de rever esse indexador. Tem que rever o parcelamento dessa dívida. E,
sobretudo, o montante dessa dívida. Não é possível que a União asfixie um estado com essa dívida, podendo a União abrir mão de parte do pagamento, como já foi feito com outros estados._ O
SENHOR PRETENDE ESPERAR A REGULAMENTAÇÃO DA EMENDA 29 PARA APLICAR 12% DO ORÇAMENTO NA ÁREA DE SAÚDE, COMO DETERMINA A LEI? OU VAI APLICAR O PORCENTUAL DESDE O INÍCIO DO MANDATO? _Se você
for ler a Constituição, o que o estado está fazendo [na atual administrção] é correto. Na Carta, está escrito que 12% é para a saúde e para aquilo que garanta a saúde. Então, se você pegar o
programa Leite das Crianças, ele garante a saúde? Garante. É uma interpretação. O saneamento garante a saúde? Garante._ O SENHOR PRETENDE SEGUIR ESSA INTERPRETAÇÃO? _Não. Pretendo investir
os 12% [em atendimento exclusivamente médico]. Até porque, com as estruturas que foram construídas [hospitais construídos pela atual administração estadual], não há não investir os 12%. Tem
de equipar, colocar médicos. E, se você pegar também esses investimentos que foram feitos na construção e reforma desses hospitais, irá perceber que há um porcentual de investimento em saúde
maior do que aquele que foi considerado pelo Tribunal de Contas para a saúde especificamente, mesmo tirando o Leite das Crianças e o saneamento. Chega aos 12% se você considerar esses
investimentos feitos nos últimos anos. Agora, esse é um grande desafio para o próximo governo: fazer esses hospitais funcionarem. Porque hoje, para contratar um médico para uma UTI, você não
consegue colocar dentro do salário do estado. E aí, quando você vai falar com o MEC [Ministério da Educação] e com o Conselho Nacional da Educação sobre a necessidade de mais
profissionais de saúde, existe uma dificuldade muito grande, uma barreira para a abertura de novos cursos [de Medicina]. A demanda cresceu e não há um acompanhamento na formação de
profissionais de saúde. É preciso rever essa situação. O governo federal precisa rever porque essa posição tem trazido problemas para fazer funcionar a saúde pública no país._ EXISTEM OUTRAS
ÁREAS COM FALTA DE TÉCNICOS. DADAS AS CONDIÇÕES FINANCEIRAS DO ESTADO, O SENHOR ACHA QUE CONSEGUIRÁ CONTRATAR MAIS PESSOAS? _Na área da saúde já existe um concurso para 1,3 mil
profissionais, que serão contratados. Na área de segurança existe um concurso para 4,2 mil policiais. O que nós temos que fazer é um cronograma. Como eu pretendo ficar os quatro anos no
governo, e não um ano e três meses, eu quero cumprir esse cronograma. Por exemplo, na área de segurança são necessários 700 [novos policiais] para repor [o efeitivo], e mais mil [PMs] por
ano._ COMO O SENHOR PRETENDE ABORDAR O PROBLEMA DA DESIGUALDADE REGIONAL DENTRO DO ESTADO? _Se você pegar o Produto Interno Bruto (PIB) , 70% dos recursos estão em 30% dos municípios. Então
existe realmente uma concentração de riquezas e uma distribuição que precisa ser corrigida. Como fazer isso? Você tem de levar os programas de governo às regiões mais deprimidas, mais
carentes. Por exemplo: o Norte Pioneiro está perdendo população; é uma região que empobreceu. O que precisa ser feito lá? Existe uma vocação ali. A vocação ali são os hortifrutigranjeiros e
há um mercado do tamanho da Argentina perto, que é o mercado de São Paulo. A região tem uma localização geográfica estratégica, o que é muito importante, considerando que também está próxima
de Curitiba, Ponta Grossa e Londrina. Dá para levar para lá os programas de governo e atrair integradores de aves, integradores de suínos, a produção de fruticultura, hortaliças. E também
construir ali uma central de armazenamento e abastecimento para permitir que esses produtores não tenham de sair correndo para vender os produtos em São Paulo. Aí, dá para fomentar a
produção com base na vocação da região._ O SENHOR TEM FALADO BASTANTE COM O PRESIDENTE LULA E COM A CANDIDATA DILMA. O SENHOR TEM CONVERSADO SOBRE AS DENÚNCIAS SOBRE IRREGULARIDADES NA CASA
CIVIL E NA RECEITA FEDERAL. COMO O SENHOR VÊ ESSA SITUAÇÃO? _É uma situação grave. A punição já começou. As pessoas envolvidas já foram demitidas._ ISSO É SUFICIENTE? _Não. Mas agora os
procedimentos vão para a Justiça. A Justiça é que deve tomar as providências._ QUAL A MAIOR DIFERENÇA ENTRE O SENHOR E O SEU OPONENTE, BETO RICHA? _Me diferencio porque eu não censurei
nenhuma pesquisa. Mesmo que elas fossem desfavoráveis, não impedi que elas saíssem. O meu adversário censura pesquisa, censura colunista, isso é uma diferença grande. A outra coisa é que eu
costumo cumprir minha palavra. O que eu falo eu cumpro. E nós temos conceitos diferentes sobre ética também._ QUAL SEU CONCEITO DE ÉTICA? _Quando empenho a palavra, registro em cartório,
acho que é antiético não cumprir._ _Participaram da sabatina os jornalistas André Gonçalves, Carlos Eduardo Vicelli, Celso Nascimento, Eduardo Aguiar, Fernando Martins, Oscar Röcker Netto,
Rogerio Waldrigues Galindo e Rosana Félix_