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O advogado Renato Almeida Freitas Júnior ficou detido por três horas, nesta quinta-feira (25), acusado de desacato à autoridade e resistência à prisão. Após ser posto em liberdade, ele
denunciou que sofreu uma série de agressões físicas e psicológicas, além de injúrias raciais. Entre os abusos, o jovem diz que os guardas municipais que o prenderam duvidaram que ele fosse
advogado pelo fato de ser negro. A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanha o caso. Freitas Júnior foi preso por volta das 15 horas, na Rua do Rosário,
no Largo da Ordem, no Centro. Segundo o boletim de ocorrência, ele ouvia música (rap) em volume alto, em um carro – um Hyundai i30 – e teria desacatado agentes da Guarda Municipal (GM) que o
abordaram. O advogado nega que tenha desobedecido às ordens dos guardas e diz que começou a ser agredido depois de ter autorizado buscas no automóvel. Veja também “Eu não tenho dúvidas de
que fui preso por puro preconceito. Me chamaram o tempo todo de negrinho, diziam que as músicas que eu estava ouvindo era de favelado e que minha carteira da Ordem [da OAB] era falsificada,
que gente como eu não é advogado”, disse ao deixar o 3.º Distrito Policial. Ele é candidato a vereador pelo PSol. “Eu coloquei as mãos na cabeça, me apresentei como advogado e autorizei eles
a vasculharem o carro, mas disse que eu queria verificar [a vistoria]. Nisso, eles disseram que eu não tinha que autorizar nada, que eu não era ninguém pra dizer o que eles poderiam ou não
fazer”, contou. Freitas Júnior afirmou que, em seguida, levou um soco na cabeça e recebeu voz de prisão. Ele foi algemado com as mãos para trás e posto na viatura. Segundo o advogado, um
amigo que estava junto com ele também teria sido espancado. NO DISTRITO Enquanto era levado ao 3.º DP, o advogado conseguiu pegar o celular e chegou a fazer duas postagens no Facebook. No
trajeto, ele diz ter sofrido uma série de injúrias raciais. Na chegada à delegacia, Freitas Júnior denunciou que um dos guardas o deitou no chão e pisou com força em seu rosto. O advogado
afirmou que continuou a sofrer violações, mesmo dentro da delegacia. O rapaz disse que foi despido de suas roupas e colocado nu em uma cela. Ele só teria tornado a se vestir depois que os
advogados dele chegaram ao distrito. “Me deixaram nu, inclusive, na frente de uma mulher, que é policial”, apontou. VIOLAÇÕES GRAVES A Comissão de Direitos Humanos da OAB acompanhou o
depoimento de Freitas Júnior, por intermédio do advogado Jean Carlo da Silva, que avalia ter havido indícios de violações graves, sofridas pelo rapaz. Ele vai elaborar um relatório e
encaminhar à presidência da comissão, que deve definir eventuais providências jurídicas. “Parece-me que a Guarda Municipal não tem poder de polícia para fazer a prisão da forma que fez.
Parece-me que colocar o cidadão nu em uma cela e fazer as injúrias que ele [Freitas Júnior] alega ter sofrido são violações muito graves”, apontou Silva. Ainda enquanto Freitas Júnior estava
detido, a mãe dele, a auxiliar de enfermagem Raimunda Ferreira Gomes chegou à delegacia. “Dói ver o filho da gente sofrendo isso”, disse.