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Com a economia do país no fundo do poço, o Brasil vive um momento de profundos cortes de despesas, na tentativa de frear o déficit público e equilibrar as contas. No entanto, tais ações
precisam ser tomadas da melhor maneira, buscando abrandar os possíveis efeitos colaterais. Se afiar o bisturi é necessário, que o trabalho seja feito com muito cuidado. Ao invés de cortes
lineares e indiscriminados, as medidas devem ser pensadas de maneira cirúrgica e concentradas, principalmente, em áreas onde o desperdício é maior. Afinal, cortar o desperdício não é a regra
número em locais onde é necessário um ajuste de contas? Um recente estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por exemplo, traz medidas que, se tomadas, podem aprimorar a
eficiência e evitar desperdícios no uso dos recursos públicos brasileiros. Isso porque, segundo o BID, essas ações poderiam economizar o equivalente a 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do
Brasil, ou seja, aproximadamente R$ 68 bilhões por ano. > Os recursos identificados como produto de incompetência representam > quase 10% dos gastos totais do país Sabemos que o
governo brasileiro gasta mal. Mas ver essa certeza em números deixa isso ainda mais claro. Os recursos identificados como produto de incompetência representam quase 10% dos gastos totais do
país. Só com a má gestão, estima-se que até 30% dos investimentos em projetos de obras civis financiadas com recursos públicos, aqui no Brasil, são perdidos. Ainda de acordo com o BID, isso
significa que a falta de eficiência técnica, negligência, corrupção, ou, todos juntos, inflacionam o custo empregado para produzir políticas públicas. Melhorar estes aspectos, no entanto,
pode alavancar os serviços oferecidos à população sem implicar em aumento de gastos. Além disso, se por um lado há um volume cada vez maior do orçamento público da União sendo
descentralizado, por outro, municípios e estados recebem esses recursos federais sem quase nenhum planejamento – o que impede ainda mais a eficiência. Soma-se a tudo isso a burocracia
brasileira e a falta de capacidade técnica especializada. O resultado é um emperramento da máquina e uma produção contumaz de problemas sem fim. LEIA TAMBÉM: O esforço coletivo para a
recuperação econômica e dos negócios no Brasil (artigo de Jorge Sukarie, publicado em 20 de junho de 2019) LEIA TAMBÉM: O PIB em retração (editorial de 30 de maio de 2019) De fato,
precisamos fazer com que a máquina pública seja cuidadosamente tratada para que se atinja a melhoria. Assim, primordialmente, é preciso pensar na efetiva desburocratização, na priorização de
gastos e no protecionismo de áreas que refletem positivamente na economia. Estudos, como esse do BID, deixam claro ainda que focar em políticas de prevenção, no uso de novas tecnologias e
em uma cultura de execução orçamentária de excelência – buscando investir recursos onde os retornos são assertivos e considerados com o menor risco – são as únicas alternativas possíveis e
confiáveis a serem seguidas. Em um país onde metade da água tratada se perde, não é exagero pensar que boa parte do orçamento público também está indo para o ralo atualmente. Agora, a missão
é pôr em prática todos esses conselhos e impedir que o desperdício continue levando os sonhos de milhares de brasileiros por água abaixo. _RENATHO MELO é consultor orçamentário e
especialista em convênios públicos no Congresso Nacional._