Alto astral contra a seca

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Para a maioria dos jogadores da seleção brasileira, atender a im­­prensa é um enorme sacrifício. Os rostos geralmente sisudos não permitem respostas descontraídas ou alegres. Luís Fabiano


foge a essa regra. O camisa 9 do Brasil já entra na sala de coletivas com um sorriso de orelha à orelha. Sempre animado e bem humorado, cumprimenta (mesmo que à distância) cada um que lhe


endereça uma pergunta. Para o deleite dos profissionais da mídia, a cada resposta do centroavante, uma declaração útil e geralmente com sacadas fora do normal. A bola, os adversários, a


seleção, a falta de gols... Tudo é motivo para fazer o Fabuloso rir e alfinetar. Na primeira vez em que foi selecionado para falar, no dia 30 de maio, o jogador já havia dito que a Jabulani


é "sobrenatural, parece guiada por alguém", arrancando a gargalhada geral. Ontem, ele não deixou por menos. No entanto, dessa vez, o alvo da originalidade de Luís Fa­­biano foi a


seleção da Argen­­tina. Após o experiente meia Verón dizer que "samba é com os amarelos" e "que não se ganha a Copa só com alegria", o atleta do Se­­vilha, da Espanha,


mandou o seu recado. "Se eles não são felizes, problema deles. O Brasil é o país da alegria, do samba, do carnaval e de festas. É normal termos essa alegria no trabalho. Isso é algo que


uns têm e outros, que são amargurados na vida, não têm", afirmou o parceiro ofensivo de Robinho. A graça do atacante não parou por aí. E os argentinos mais uma vez foram as vítimas da


descontração. Diego Maradona, o técnico dos hermanos, classificou sua equipe como um Rolls Royce pilotado por Lionel Messi. O artilheiro brasileiro acha a equipe de Dunga bem mais potente do


que sua mais tradicional rival. "Nossa equipe é um jato que esta aí ‘sshhhuuuuuuu’ [reproduzindo o som de um avião e o fazendo "decolar" com o movimento da mão]. Estamos


voando baixo", disse, com um bom humor provocativo, praticamente inexistente no futebol atual depois que Romário se aposentou de vez. Nem mesmo para falar do jejum de gols pelo qual


passa com a camisa amarela, o centroavante muda o tom. Assistir vídeos com suas bolas na rede é o passatempo na concentração para esquecer o mau desempenho recente. Em cinco partidas


(Inglaterra, Omã, Venezuela, Zimbábue e Tanzânia), o goleador passou em branco. A última vez em que ba­­teu um goleiro rival pela seleção foi diante da Argentina, nos 3 a 1 de Rosário, em


setembro do ano passado, pelas Eliminatórias. A missão de Luís Fabiano é acabar com a seca na estreia, diante da Coreia do Norte, para firmar-se ainda mais como o artilheiro do período Dunga


na equipe pentacampe㠖 por ora, tem 19 gols em 26 partidas. "Podem ter certeza que na estreia o meu ritmo será outro em relação a esses amistosos", garante, alertando que os


testes serviram para dar o embalo necessário na competição.