Falta de recursos para minha casa minha vida pode provocar a demissão de 50 mil trabalhadores

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O secretário nacional de Habitação do governo federal, Celso Toshito Matsuda, afirmou a uma plateia de empresários da construção nesta terça-feira (2) que está preocupado com o orçamento


público para o programa de moradia popular Minha Casa Minha Vida (MCMV). Os repasses do Tesouro Nacional para a faixa 1 do programa, na qual os imóveis são praticamente doados aos moradores


de baixa renda, estão atrasados devido a contingenciamentos determinados pelo governo federal e colocam em risco não só as obras em andamento mas também os novos contratos e os subsídios


para as demais faixas do MCMV. “Estamos rezando para que a partir de maio comece a haver um aumento na arrecadação”, disse Matsuda, gerando burburinho entre o público. O Tesouro Nacional


banca a faixa 1 do programa e também 10% do subsídio oferecido nas demais faixas. Os outros 90% são recursos do FGTS, quem tem ainda R$ 60 bilhões neste ano para financiar habitação popular.


+LEIA TAMBÈM: ROBERTO INDECH - O “NOVO” MERCADO IMOBILIÁRIO Um contingenciamento do governo nos três primeiros meses do ano travou esses repasses. O Ministério do Desenvolvimento Regional


(MDR), que gerencia o programa, conseguiu com o Ministério da Economia uma antecipação de limites de pagamentos e pretendia regularizar a situação já a partir de março. Mas o governo


anunciou um novo bloqueio no orçamento no mês passado, e construtores agora temem que faltem recursos não só para as obras já contratadas e como também para novos financiamentos. Segundo a


coluna Painel do jornal_ Folha de S.Paulo_, empresários já falam em dispensar 50 mil empregados nos próximos dez dias. O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC),


José Carlos Martins, foi o porta-voz da insatisfação do setor à coluna do jornal. Ele também falou sobre o assunto em evento no Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná


(Sinduscon-PR), em Curitiba, na noite de segunda-feira (1.º). “O programa completa 10 anos neste ano e hoje representa dois terços do mercado imobiliário brasileiro. Em algum momento eles


[o governo federal] precisam acordar para isso”, disse Martins durante o evento. Alguns construtores calculam que, com o novo contingenciamento, os recursos do governo para pagar obras já


contratadas na faixa 1 e para bancar o subsídio das demais faixas acabariam em agosto ou setembro. +LEIA TAMBÉM: COM MINHA CASA MINHA VIDA MAIS RESTRITO, MRV VAI APOSTAR TAMBÉM NA CLASSE


MÉDIA EM 2019 Sem o aporte do Tesouro, o FGTS não consegue entrar com a sua parte, o que impediria a contratação de novos financiamentos para pessoas físicas e jurídicas. Em alguns casos, as


obras teriam iniciado com a contrapartida do município ou estado, mas correm o risco de parar pelo atraso da parte do governo federal. “O pior é a incerteza e a falta de comunicação.


Ninguém nos dias se é para interromper a obra ou mesmo nos dá uma data na qual poderemos contar com o repasse já contratado”, desabafou um empresário do setor no evento de Curitiba. Matsuda


disse que há um fôlego no orçamento da pasta que permitiria equilíbrio nos pagamentos até o final de abril. “Minha preocupação: e depois de abril? É um receio nosso.” O secretário afirmou


estar em negociações intensas com o Ministério da Economia na busca por recursos, sobretudo para o segundo semestre.  “Esperamos que aconteçam boas notícias a partir de maio e junho [aumento


da arrecadação, alívio no contingenciamento]. Se não vierem, partimos para um pleito de suplementação orçamentária a partir de junho”, afirmou. Em 2019, o programa habitacional terá o menor


orçamento de sua história (R$ 4,6 bilhões), com restrições a concessão de subsídios à faixa 1,5, voltada a famílias com renda de até R$ 2,6 mil. A redução da verba para o programa é


resultado do aperto fiscal. Com o teto dos gastos em vigor, a manutenção das despesas obrigatórias acaba por pressionar as discricionárias, como as da habitação. Mais investimentos só serão


possíveis se o governo federal fizer a lição de casa, com reformas como a da Previdência.