Chef aborda prazer de cozinhar

feature-image

Play all audios:

Loading...

Certos momentos da comédia Chef, escrita e dirigida por Jon Favreau (responsável pelos dois primeiros filmes da série Homem de Ferro), uma das estreias da semana nos cinemas, parece um


programa de culinária no qual não se dá a receita detalhada, apenas se mostra o modo de preparo. Ou seja, desperta a fome, mas não diz como acabar com ela, a não ser por uma passada rápida


na praça de alimentação dos shoppings que, geralmente, estão no caminho do cinema. Depois de grandes blockbusters, o diretor volta às suas origens indies com essa comédia sobre comida e


restaurantes. O próprio Favreau é o protagonista, Carl Casper, chef de renome cuja carreira é destruída por uma crítica negativa de Ramsey Mitchel (Oliver Platt). A culpa nem foi do


cozinheiro, mas do dono do restaurante (Dustin Hoffman). Essa será uma chance não apenas para Carl se reinventar como profissional, mas também para criar laços mais fortes com seu filho


pequeno, Percy (Emjay Anthony), com quem tem pouco contato, pois o garoto vive com a mãe (Sofía Vergara). Com a ajuda de um ex-colega de trabalho (John Leguizamo), o protagonista monta um


trailer e sai pelos Estados Unidos vendendo um sanduíche tipicamente cubano que, segundo o filme, apesar de pouco alinhado e excessivamente gorduroso, é mais saboroso do que os pratos


minimalistas que ele elaborava no antigo restaurante. É a típica jornada do herói que se corrompeu e para se reencontrar precisa da simplicidade. Só quando Carl passa a fazer uma comida em


que realmente acredita e vende para pessoas sem qualquer pompa ou circunstância, seja numa rua movimentada ou na praia, é que ele é feliz. CONTEMPORÂNEO Chef também é um filme sobre o nosso


tempo. As desavenças entre Carl e o crítico começam na internet – especialmente por conta da ingenuidade do cozinheiro, que rebate e xinga publicamente o jornalista sem saber o que está


fazendo, e só se dá conta do estrago quando este se torna viral. Mas será a mesma internet, com suas rede sociais, que promoverá o trailer viajando pelo país e aumentando o boca-a-boca e as


filas. O filme, em sua essência, quer mesmo é celebrar o caldeirão multicultural em que os EUA estão se transformando – nem que seja apenas na teoria.