Funcionários denunciam carga excessiva de trabalho e 'camuflagem' de documentos em hospital da capital

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O Enfoque MS recebeu uma denuncia de funcionários do Hospital do Coração (HC), conhecido como Clínica Campo Grande, que estariam exercendo carga excessiva de trabalho, sem remuneração,


sofrendo perseguição psicológica e ainda até sendo obrigados a falsificar ou ‘inflar’ relatórios documentais da instituição. O fato já até está denunciado e com processo aberto nesta


segunda-feira (4), no MPT (Ministério Público do Trabalho), pois é uma questão trabalhista do hospital que é privado, mas também atende convênios de servidores públicos. A direção da empresa


foi procurada por telefone, por dois dias, mas até fechamento desta matéria não havia retornado. “Estamos passando por situações parecidas com as dos colaboradores da Santa Casa. Já abrimos


denuncia no Ministério Público do Trabalho, mas como é recente, até o momento não houve resposta. O hospital tem uma média de 500 funcionários e alguns setores administrativo trabalham uma


jornada superior a 15 horas ao dia”, conta uma das denunciantes, que não revelaremos o nome real. O fato é grave, sendo que a denunciante até pediu “pelo amor de Deus”, para não ser


identificada, mas que precisava denunciar e fazer algo, pois precisa do emprego, mas a situação está grave e piorando, principalmente após a venda do HC, em dezembo de 2021 e que tem que ser


entregue em Junho de 2022, a nova entidade Grupo Santa. “Todos, os envolvidos, temos MEDO de relatar nossos nomes, medo de perder o emprego. O hospital tem a cultura de perseguir o


funcionário até quando é desligado. É prática do RH ligar em outro hospital para falar coisas negativas do funcionário. Por favor, gostaria de não me identificar”, relata a denunciante. A


trabalhadora detalha que o trabalho é contratado por 6 a 8 horas diárias, mas quase todos os setores estão sobrecarregados e com muitas horas a mais de serviço, que são extra no tempo, mas


sem remuneração. O que existe é um banco de horas, que também não é executado. “O setor de faturamento hospitalar, auditora, faturamento ambulatorial, credenciamento e secretários de andar,


são os mais afetados. A gerência obriga e persegue o funcionário que não trabalha após o expediente. Nós dias de fechamento de contas hospitalares chegamos a sair do serviço por volta das 23


horas e no outro dia entramos no horário inicial normal, as 7 ou 8 horas. Está jornada exaustiva está gerando em vários colegas, síndrome de Pânico, Burnout e consequentemente afastamento.


Outros colaboradores não são contratados, aumentando assim o estresse, esgotamento físico e mental”, relata a funcionária. EFEiTO CASCATA A denunciante aponta que o ‘sistema bruto’, só vem


acumulando e já está em efeito cascata invertida, que só sobe em erro aos funcionários. “Do mesmo jeito que somos obrigados a trabalhar mais de 15 horas por dia, os coordenadores dos setores


são perseguidos se não reduzem o banco de horas do setor. O hospital em seis meses acumulou mais de 10 mil horas de banco. Tem funcionário que possui mais de 500 horas, acumulados em três


meses, mas também não liberam. Esses dados podem se verificados com o registro de ponto de cada um”, revela a prestadora de serviço. Ela ressalta que o HC de Campo Grande, foi vendido e após


a venda do Hospital para o Grupo Santa, o estresse só aumentou. A gerência chama o superior com frequência para reuniões e são submetidos a humilhação. Palavras de baixo calão, tratativas


como “oh minha filha agiliza”. “Querem apresentar bons resultados ao novo grupo custo a quem custar. Mais também os ‘novos’ devem saber de toda situação, pois estão presente em reuniões e


apresentações de trabalhos”, aponta. ATÉ FALSIFICAÇÕES PODEM ESTAR EM ANDAMENTO Conforme relato da mulher, até onde ela ‘sabe’, está havendo um tipo de falsificação de documentos ou


camuflagem para inflar, aumentar relatórios e valores, onde funcionários são obrigados a escrever algo que não existiu. “O setor de contas médicas é o mais afetados, nele consiste também o


faturamento e a ordem é sempre de não deixar nenhuma conta para trás, mesmo que com isso o administrativo tenha que ajustar o prontuário para apresentar a operadora, fazemos checagem de


administração de medicamentos, refazemos relatório técnico de enfermagem e até mesmo evolução médica, tudo para aumentar o valor da conta hospitalar”, denuncia. “Os funcionários que são


obrigados a realizar essas falsificações e ajustes são técnicos de enfermagem que foram retirados da assistência com problemas psicológicos ou são contratados para está função e logo no


primeiro dia já é dito que ‘assim que a banda toca’. Você é obrigada a refazer os prontuários dos pacientes para aumentar o valor apresentado aos convênios”, acrescenta a funcionária. “Pelo


amor de deus, não pode aparecer meu nome. Mas deixo meu telefone caso tenha interesse em publicar a denuncia. Poderei dar maiores detalhes. Se puder publicar uma nota referente ao que temos


passado. Esses abusos precisam parar.”, conclui. OUTRO LADO – EMPRESA E MPT A reportagem ligou na direção do Hospital do Coração (HC), conhecido como Clínica Campo Grande, falou com


secretária executiva, que repassou que iria encaminhar o assunto ao responsável pela área ‘comercial’. A última ligação foi por volta das 9h45 da manhã desta terça-feira (5). A secretária


disse que o mesmo iria nos procurar/ligar. Mas, até o momento não tivemos nenhum retorno. A assessoria do MPT (Ministério Público do Trabalho) nos posicionou, que estão verificando o caso.


Mas, a principio, há um tramite e prazos. E ao se fazer uma denúncia, é obrigatoriamente instaurado algum tipo de procedimento. Serão feitas diligencias e algum tipo de oitiva (depoimentos)


para verificar a denuncia recebida. Após, o procurador do MPT avalia o caminho a seguir para averiguar a denuncia recebida e com base nisto, pode converter em inquérito civil ou arquivar o


caso, se entender que não há elemento que comprove o denunciado. Veja aqui o histórico do HC-CG : http://hospitaldocoracaoms.com.br/historia/