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Joe Biden, de 82 anos, ex-presidente dos Estados Unidos, foi diagnosticado com um CÂNCER DE PRÓSTATA avançado. Um comunicado divulgado pelo gabinete do político democrata no domingo (18/5)
informa que ele foi avaliado na semana anterior, ao apresentar sintomas urinários. "Na sexta-feira (16/5), Biden foi diagnosticado com câncer de próstata, caracterizado por um escore
de Gleason 9 (grau 5), com METÁSTASE nos ossos", detalha o texto. "Embora isso represente uma forma mais agressiva da doença, o câncer parece ser sensível aos hormônios, o que
permite um manejo efetivo", complementa a nota. Mas o que significa "escore de Gleason" ou "câncer sensível aos hormônios"? Entenda a seguir os detalhes sobre o
câncer de próstata e os prognósticos para casos como o do ex-presidente americano. O QUE É O CÂNCER DE PRÓSTATA? A próstata é uma glândula que faz parte do sistema reprodutor do homem. Ela é
responsável pela produção do líquido que compõe o sêmen e permite o trânsito dos ESPERMATOZOIDES durante a ejaculação. Essa estrutura fica na parte inferior do abdômen, no caminho entre os
testículos e o pênis. Ela fica logo abaixo da bexiga e "abraça" a uretra, o canal por onde a urina e o sêmen são expelidos. O câncer nada mais é que a proliferação acelerada e
descontrolada de células doentes numa parte específica do corpo. Essas células podem se acumular em uma determinada região (como a próstata) e formar um tumor, que cresce e toma cada vez
mais espaço. Conforme a doença evolui, algumas dessas unidades podem "escapar" e parar em outras partes do corpo, em um processo conhecido como metástase. Biden, por exemplo,
apresenta METÁSTASE NOS OSSOS — ou seja, células doentes da próstata saíram de seu local de origem e passaram a formar novos focos no esqueleto. OS SINTOMAS DO CÂNCER DE PRÓSTATA O Serviço
Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês) destaca que "o câncer de próstata não costuma causar nenhum sintoma até que a doença tenha crescido o suficiente para
pressionar o tubo que carrega a urina da bexiga para o pênis". Os sintomas mais frequentes desse tipo de tumor incluem: * Necessidade de fazer xixi muitas vezes, frequentemente durante
a noite * Urgência para urinar * Dificuldade para começar a fazer xixi * Levar muito tempo para urinar * Jato de urina muito fraco * Sensação de que a bexiga não foi completamente esvaziada
* Aparecimento de sangue ou sêmen na urina Como esses sintomas demoram a aparecer, existe uma discussão entre especialistas sobre a necessidade de fazer o RASTREAMENTO DO CÂNCER DE PRÓSTATA
— ou seja, realizar exames periódicos em homens saudáveis para checar se há algo de errado nessa glândula. Os dois métodos mais usados com esse propósito são o PSA (um exame de sangue) e o
toque retal. Desde 2023, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e o Ministério da Saúde mudaram as recomendações e passaram a contraindicar o rastreamento do câncer de próstata para a
população geral. O principal argumento é que essa estratégia aumenta o número de diagnósticos sem necessariamente melhorar a taxa de sobrevida ou a mortalidade dos pacientes. Há também o
risco de sobretratamento, quando indivíduos são submetidos a intervenções que não trazem algum benefício direto à saúde deles. Já a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) defende
individualizar as recomendações sobre o rastreamento desse tipo de tumor. "Os homens, a partir de 50 anos e mesmo sem apresentar sintomas, devem procurar um profissional especializado,
para avaliação tendo como objetivo o diagnóstico precoce do câncer de próstata", aponta a entidade. "Os homens que integrarem o grupo de risco (raça negra ou com parentes de
primeiro grau com câncer de próstata) devem começar seus exames mais precocemente, a partir dos 45 anos. Após os 75 anos, somente homens com perspectiva de vida maior do que 10 anos poderão
fazer essa avaliação", sugere a SBU. A GRAVIDADE DO CÂNCER DE PRÓSTATA Se o médico suspeita que há algo de errado na próstata durante o PSA OU O TOQUE RETAL, ele pode pedir uma biópsia
para investigar. Esse exame consiste em inserir uma agulha na glândula e retirar pedacinhos dela. O material é encaminhado ser avaliado em laboratório por um patologista. Esse profissional é
treinado para observar as amostras no microscópio e avaliar a saúde das células que aparecem ali. A partir disso, com base no chamado escore de Gleason (uma escala validada cientificamente
neste contexto), o especialista atribui uma nota que vai de 1 a 5 — quanto mais alto o número, mais grave a situação. Uma célula avaliada com nota 1 se assemelha muito ao tecido normal da
próstata. Já uma nota 5 representa uma célula danificada, com risco de se infiltrar em outros tecidos do organismo. O que os patologistas fazem é destacar no laudo os dois padrões de células
que foram mais observados durante a avaliação no laboratório. É por isso que o resultado geralmente vêm com a soma de dois números, por exemplo, 4 + 3. Isso significa que o especialista viu
mais células com uma pontuação 4, seguidas por unidades nota 3. A partir daí, a soma dos números vai estabelecer o escore de Gleason — e, mais uma vez, quanto mais baixo o número, melhor o
prognóstico. Esse resultado também ajuda a determinar o grau de agressividade do tumor, que é dividido em cinco categorias principais. O Cancer Research UK, uma associação que arrecada
fundos para pesquisas em oncologia no Reino Unido, pondera que "pode ser bem difícil entender o que todos esses escores e graus significam", então é importante sempre conversar com
profissionais da saúde após um diagnóstico. Ainda segundo a entidade, esses escores e graus podem ser combinados da seguinte maneira: * ESCORE DE GLEASON 6 (3+3), GRAU 1 (RISCO MUITO
BAIXO): as células cancerosas se parecem muito às células normais da próstata. O tumor provavelmente vai crescer muito devagar ou nem irá se desenvolver; * ESCORE DE GLEASON 7 (3+4), GRAU 2
(RISCO BAIXO): a maioria das células cancerosas se parecem às células normais da próstata. O tumor deve crescer bem devagar; * ESCORE DE GLEASON 7 (4+3), GRAU 3 (INTERMEDIÁRIO FAVORÁVEL): as
células cancerosas já se assemelham menos às da próstata saudável. O tumor possivelmente vai crescer numa taxa moderada; * ESCORE DE GLEASON 8 (4+4), GRAU 4 (INTERMEDIÁRIO DESFAVORÁVEL): as
células cancerosas estão em maior quantidade e devem crescer numa taxa moderada a rápida; * ESCORE DE GLEASON 9 OU 10 (4+5, 5+4 OU 5+5), GRAU 5 (ALTO RISCO): as células cancerosas estão bem
alteradas e é provável que a doença evolua com mais rapidez. No caso do ex-presidente Biden, o comunicado detalha que ele foi diagnosticado com um escore 9 grau 5 — o que significa uma
doença avançada. Vale lembrar que este é um dos métodos de avaliar esse tipo de enfermidade. Médicos também levam em conta fatores como o nível de PSA no sangue, a localização e a extensão
do tumor, a presença de nódulos em outras partes do organismo, entre outros. O TRATAMENTO DO CÂNCER DE PRÓSTATA As terapias disponíveis para lidar com esse tipo de tumor evoluíram
consideravelmente nos últimos anos — e, hoje, médicos e pacientes conseguem decidir qual a melhor abordagem de acordo com o estágio da doença. Nos casos menos graves, classificados como grau
1 ou 2, a estratégia pode envolver até a chamada "vigilância ativa", ou seja, não fazer nenhum tratamento ou cirurgia, apenas acompanhar como o quadro se comporta. Como nesses
casos o tumor praticamente não cresce (ou evolui bem devagar), há um consenso de que intervenções podem trazer mais prejuízos do que a doença em si. Já para os quadros mais avançados, com
score de Gleason elevado ou grau 3, 4 e 5, há uma série de opções terapêuticas disponíveis. A escolha depende das características do paciente e também do câncer. Afinal, pode ser que as
CÉLULAS CANCEROSAS que ele carrega sejam mais suscetíveis a um tratamento ou outro. Para decidir o melhor caminho a seguir, o médico costuma solicitar uma série de testes, que vão desde o
PSA e a biópsia até o sequenciamento genético do tumor ou exames de imagem mais elaborados. Um dos tratamentos mais usados nesse contexto é a cirurgia. Há também os métodos que tentam
eliminar as células cancerosas por meio da radiação (radioterapia), do frio (crioterapia) ou do calor (ultrassom de alta intensidade). Se o tumor for sensível aos hormônios, como é o caso de
Joe Biden, é possível também partir para a hormônioterapia. O objetivo aqui é inibir a produção de testosterona, que serve como um combustível para a proliferação das células doentes. A
Sociedade Americana de Câncer explica que a maioria dos casos mais avançados, onde foi detectada metástase, não podem ser curados, mas são tratáveis. "Os objetivos do tratamento nessas
situações é manter o câncer sob controle pelo tempo que for possível e melhorar a qualidade de vida", detalha a entidade. Entre as alternativas disponíveis para esse estágio, é possível
fazer a HORMÔNIOTERAPIA, a radioterapia, a cirurgia para aliviar sintomas (como sangramento ou obstrução urinária) ou a observação dos sintomas. Outra possibilidade é participar de estudos
clínicos que avaliam o potencial de novas drogas e intervenções cirúrgicas. O Inca estima 71,7 mil novos casos de câncer de próstata e 16,3 mil mortes em decorrência dessa doença todos os
anos no Brasil.