Macron obtém apoio exigido por lei para disputar reeleição; concorrentes enfrentam dificuldades


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A “batalha das assinaturas” é uma etapa crucial das presidenciais francesas. Os pretendentes ao principal cargo da República Francesa precisam registrar no Conselho Constitucional, a mais


alta instância administrativa do país, o apadrinhamento de 500 políticos para estarem aptos a participar da votação. Nas eleições de 2022, os postulantes têm até o dia 4 de março para


apresentar as assinaturas de seus padrinhos. Essa etapa inicial, que pode parecer uma mera formalidade para alguns, pode tirar o sono de muitos pretendentes. Em um balanço divulgado nesta


quinta-feira (3), o Conselho Constitucional informou que Macron já obteve o apoio de 529 representantes eleitos. Atrás do chefe de Estado, a candidata de direita Valérie Pécresse, do partido


Os Republicanos (LR), recolheu até agora 324 assinaturas. Em terceiro lugar, aparece a socialista Anne Hidalgo, prefeita de Paris, que conquistou 266 apoiadores. Longe atrás dela, o


comunista Fabien Roussel contabiliza 159 padrinhos políticos. Na atual temporada de caça às assinaturas, candidatos nanicos estão se dando melhor do que concorrentes que ocupam maior espaço


na mídia. É o caso da esquerdista Nathalie Arthaud, por exemplo, líder do pequeno partido trotzquista Luta Operária. Ela já tem 138 assinaturas na gaveta, enquanto o radical de esquerda


Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa) só coleciona 100 apoios. O ecologista Yannick Jadot, que tem patinado nas sondagens, está muito longe de garantir seu lugar na corrida presidencial,


pois só conseguiu até agora 80 assinaturas. Dificuldade ainda maior enfrenta a líder de extrema-direita Marine Le Pen, que embora apareça em segundo lugar nas pesquisas, reuniu até agora


apenas 35 assinaturas e se vê humilhada pelo ultraconservador de direita Nicolas Dupont-Aignan, com 77, e pelo _outsider_ Eric Zemmour, o Jair Bolsonaro francês, que já conseguiu 58


patrocínios. A socialista Christiane Taubira, que só teve a candidatura oficializada no último domingo, após vencer um processo de primárias organizadas por militantes, começa a se


movimentar e só recolheu oito assinaturas. Para as eleições presidenciais de 2022, o Conselho Constitucional validou os nomes de 42.000 mil integrantes no colegiado de padrinhos. Além de


prefeitos e subprefeitos, a legislação eleitoral admite que deputados, eurodeputados, senadores, membros de câmaras municipais, departamentais e regionais (o equivalente às assembleias


legislativas brasileiras) e presidentes de aglomerações urbanas, entre outros representantes, apresentem suas assinaturas de apoio aos candidatos. SISTEMA PREJUDICA ALGUNS CONCORRENTES Mas


este sistema criado em 1962, quando a França instituiu o voto direto, tem sido a cada eleição alvo de questionamentos e controvérsia. O objetivo inicial, que era de fazer uma triagem de


candidatos suficientemente “legítimos” para disputar a presidência do país, acaba favorecendo, segundo seus críticos, os grandes partidos, em detrimento de siglas menores e de candidatos nas


extremidades do espectro político, seja de extrema-direita ou de extrema-esquerda. Uma mudança introduzida em 2016, que tornou obrigatória a publicação dos nomes dos padrinhos, dificultou


ainda mais a coleta de assinaturas. Muitos prefeitos passaram a ter medo de dar seu apoio a pretendentes de retórica radical e depois sofrer represálias em seus municípios, ou desapontar


seus eleitores. O líder da França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, defendeu há alguns dias o fim dessa exigência, considerada por ele mais um obstáculo à representação democrática. O Conselho


Constitucional vai se reunir no dia 7 de março para definir os candidatos aptos a participar do primeiro turno. No dia 8, o governo publicará a lista oficial de concorrentes. O segundo


turno está previsto para 24 de abril.