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Investigadores da Polícia Federal encontraram no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), um “guia” para aplicar um golpe de Estado no Brasil no
final de 2022. O arquivo era intitulado _Forças Armadas como poder moderador_. Trata-se, mais uma vez, de uma interpretação da Constituição segundo a qual os militares poderiam ser
convocados a intermediar um conflito entre Poderes. O passo a passo começa com um requerimento a ser enviado pelo presidente da República aos comandantes militares, a conter “a descrição
detalhada” de supostos atos do Poder Judiciário que “acarretam desarmonia entre os Poderes ou mesmo violação das prerrogativas constitucionais” do Executivo. Na sequência, o comando militar
analisaria o documento, a fim de validar ou não a argumentação. O texto alega que o item anterior seria capaz de comprovar, além de uma atuação ilegal da Justiça, um suposto “abuso praticado
pelos maiores conglomerados da mídia brasileira”. Com o aval da caserna, o presidente nomeraria um interventor responsável por coordenar “as medidas de restabelecimento da ordem
constitucional”, a ocorrer em um prazo fixado por ele. Instituições como a Polícia Federal também ficariam subordinadas a essa figura. O interventor teria, entre outros poderes, o aval para
suspender atos praticados pelo Poder Judiciário e afastar os responsáveis por essas decisões. Também poderia abrir inquéritos e encaminhá-los para que se tornassem processos contra, por
exemplo, ministros do Supremo Tribunal Federal. Em caso de afastamento de ministros do Tribunal Superior Eleitoral, diz o documento golpista, seriam nomeados Kassio Nunes Marques, André
Mendonça e Dias Toffoli. Caberia ao interventor, por fim, estabelecer um prazo para a realização de novas eleições, a serem coordenadas pelo TSE “em sua nova composição”. Poderia ser em um
mês, em um ano ou mais. A PF também localizou no celular de Cid a minuta de um texto sobre a declaração de estado de sítio no Brasil. Há, ainda, uma série de diálogos de teor golpista
mantidos em 2022 entre Cid e o coronel JEAN LAWAND JUNIOR, então subchefe do Estado Maior do Exército. O documento sobre o estado de sítio, dividido em três fotos, foi encaminhado por Cid
via WhatsApp às 23h39 de 28 de novembro de 2022. Segundo a PF, “o envio, aparentemente, serviu como _backup_ das imagens”. Não há, no entanto, a identificação do autor do texto. Leia a
íntegra do relatório da PF sobre o material obtido no celular de Mauro Cid: RAPJ 2272674-23 - Analise de Material Apreendido Estado de Sitio - Parcial_